domingo, 15 de novembro de 2009

No 20º aniversário de 1989 – a queda do stalinismo

por Peter Taaffe, Secretário Geral do Partido Socialista (CIT na Inglaterra & Gales)

No vigésimo aniversário de 1989 os ideólogos, políticos e a mídia do capitalismo mundial desejam reforçar na consciência popular que os eventos daquele tumultuoso ano significam apenas uma coisa: a “derrota final” do marxismo, do “comunismo” e do próprio socialismo, enterrados para sempre sob o entulho do Muro de Berlim. Eles também significam a vitória final do capitalismo, que “encerrou a história” de acordo com Francis Fukuyama, e estabeleceram esse sistema como o único modelo possível de organização da produção e gestão da sociedade.

Um paradigma econômico, que aboliria até mesmo os ciclos de crescimento e queda do capitalismo, estabelecera uma escada dourada que levaria a uma existência cada vez mais humana, justa e civilizada. A crise econômica da primeira metade dessa década, acompanhada pelas guerras do Iraque e Afeganistão, afetou severamente esse prognóstico. A atual e devastadora “grande recessão” o desacreditou totalmente. Além disso, foi o marxismo – como os membros e apoiadores do Partido Socialista e de seu jornal – que previu isso. Mas nós deveríamos ter sido relegados às margens, destinados a nunca mais exercermos qualquer influência.

O resultado dos momentosos eventos de 1989 foi de fato uma ‘revolução’, mas uma contra-revolução social, que resultou no final na liquidação do que restava das economias planejadas da Rússia e Leste Europeu. Mas esse movimento, que varreu um país a outro, não começou com esse objetivo, especialmente por parte das massas. Nem os capitalistas – através de seus representantes como a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o presidente francês François Mitterrand – esperavam ou, no início, saudaram de todo o coração os movimentos de massas que acompanharam o colapso dos regimes stalinistas.

O brutal órgão do capital financeiro americano, o Wall Street Journal, comentando a competição entre o capitalismo e os regimes “comunistas” do Leste Europeu, declarou simplesmente no início de 1990: “Nós ganhamos”. Um não menos exultante Independent (8 de janeiro de 1990) falava da “confiança de que – como sistema – o capitalismo é um vencedor”. A impressão dada desde então é que os adivinhos olímpicos do capitalismo previram os eventos de 1989. Mas o Financial Times – o porta-voz do capital financeiro na época e agora – escreveu: “A Alemanha Oriental ainda não possui nenhum movimento de massas no horizonte, a liderança da Tchecoslováquia não pode permitir o questionamento da fonte de sua legitimidade na invasão soviética de 1968, a Hungria enfrenta dissidentes, mas ainda não é um proletariado em ascensão. A Bulgária introduzirá reformas ao estilo soviético, mas sem o caos ou a democracia imatura soviética, a Romênia e a Albânia estão encerradas em aço”. Isso foi escrito por John Lloyd, que antes era do New Statesman, não três décadas antes, mas em 14 de outubro de 1989, menos de um mês antes do colapso do Muro de Berlim!

Entendendo o stalinismo

Mitigando esse “lapso” nas “perspectivas”, o finado Hugo Young escreveu no jornal The Guardian (29 de dezembro de 1989) que “ninguém jamais previu” os momentosos eventos daquele ano. Isso não é verdade. Foi precisamente o teórico marxista Leon Trotsky, com seus métodos “antediluvianos”, que mais de meio século atrás previu a inevitável revolta da classe trabalhadora contra o stalinismo (naquela época confinado à “União Soviética”). Ele previu um movimento de massas para derrubar os usurpadores burocráticos que controlavam o estado e uma revolução política para estabelecer a democracia dos trabalhadores. Mas ele também escreveu nos anos 1930, em sua obra monumental, A Revolução Traída, que uma ala da burocracia poderia presidir um retorno ao capitalismo.

Essa idéia não foi tirada da cabeça de Trotsky mas se baseou em uma meticulosa análise das contradições do desgoverno stalinista e das forças que ele inevitavelmente iria conjurar. Karl Marx pontuou que a chave para a História era o desenvolvimento das forças produtivas – ciência, técnica e a organização do trabalho. Ele também disse que nenhum sistema desaparece sem esgotar todas as possibilidades latentes dentro dele. O capitalismo, um sistema econômico baseado na produção pelo lucro – o trabalho não pago da classe trabalhadora – como sua razão de ser, ao invés da necessidade social, enfrenta um ciclo de crescimento e queda, que até Gordon Brown agora é forçado a reconhecer. Mas, como Trotsky analisou, o stalinismo – por razões diferentes do capitalismo – ao exercer uma camisa de força burocrática, se tornaria um freio absoluto ao desenvolvimento econômico da sociedade em uma certa etapa.

No período que vai provavelmente até o fim dos anos 1970, apesar das monstruosidades de Stalin e do regime que ele presidiu – os processos de expurgo, o trabalho escravo dos gulags – a indústria e a sociedade se desenvolveram. Nesta etapa, apesar dos custos colossais do desgoverno burocrático, o stalinismo jogou um papel relativamente progressista. Há algumas analogias com o capitalismo em sua ascensão no século 19 até 1914, quando ele se tornou uma barreira ao progresso, como mostraram os horrores da primeira guerra mundial. Face à estagnação, regressão e até desintegração, que é o que ocorreu nos estados stalinistas – especialmente na Rússia a partir do final dos anos 1970 – os regimes foram de um expediente a outro. Eles se moveram da centralização à descentralização, e depois para a recentralização, em vãs tentativas de escapar do beco sem saída burocrático.

Os métodos do governo burocrático, do comandismo, poderiam ter algum efeito quando a tarefa na Rússia era copiar as técnicas industriais do Ocidente, desenvolver uma infraestrutura industrial etc., e quando o nível cultural da massa da classe trabalhadora e do campesinato ainda era baixo. Mas nos anos 1970 a Rússia se tornou altamente industrializada e, mesmo que algumas afirmações de sucesso fossem exageradas, um rival industrial dos EUA. Em uma etapa, ela produziu mais cientistas e técnicos do que até mesmo os EUA. Mas a própria criação de uma força de trabalho culturalmente mais avançada – altamente educada em alguns sentidos – fez com que o governo da cúpula entrasse em colisão com as necessidades da industria e da sociedade. Os preços para milhões de mercadorias, por exemplo, eram fixados burocraticamente nos ministérios centrais em Moscou, enquanto o regime se tornava cada vez mais um obstáculo. O descontentamento das massas cresceu e se refletiu não apenas nas tentativas de revolução política na Hungria em 1956, Polônia, Tchecoslováquia em 1968 etc., mas também na Rússia. As greves de 1962 em Novocherkassk, por exemplo, mostraram o perigo que ameaçava a continuidade do governo da burocracia.

Levantando a tampa

Foi essa situação que Mikhail Gorbachev, que chegou ao poder na União Soviética representando uma ala mais ‘liberal’ da burocracia, empenhou-se em mitigar através da perestroika (reestruturando a política e a economia) e da glasnost (abertura). Nos relatos históricos subsequentes, Gorbachev tornou-se a figura que presidiu o retorno ao capitalismo na Rússia e a liquidação da antiga URSS. Contudo, ele não começou com essa intenção. Como todas as classes ou elites dominantes, e na tradição dos antigos dirigentes burocráticos, de Stalin em diante, sentindo os murmúrios e descontentamento em massa vindos de baixo, Gorbachev tentou desesperadamente introduzir reformas como um meio de impedir a revolução. Inevitavelmente, uma minúscula abertura da panela de pressão produz o resultado da revolta em massas que ela pretendia evitar.

Ao comentar 1989, os representantes capitalistas abandonaram sua hesitação usual de até mesmo proferir a palavra “revolução”. Isso contrasta com sua descrição – repetida ad nauseam, especialmente na recente biografia de Trotsky por Robert Service – da Revolução de Outubro na Rússia de 1917 como um “golpe”. Ao descrever 1989 como uma revolução, eles estão pelo menos meio corretos. Houve o início de uma revolução – para ser mais preciso, elementos de uma revolução política – na Alemanha Oriental, Romênia, Tchecoslováquia, China com os eventos da Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial), e mesmo na própria Rússia, embora com um movimento de massas que não alcançou as mesmas alturas. Em todos esses países houve inicialmente uma inquestionável expressão por reformas democráticas dentro do sistema, uma aceitação implícita da continuidade da economia planificada. Esse movimento varreu os países com uma tremenda velocidade, como fogo na pradaria. Um cartaz em Praga na época dizia: “Polônia – 10 anos. Hungria – 10 meses. Alemanha Oriental – 10 semanas. Tchecoslováquia – 10 dias. Romênia! 10 horas”.

Além disso, os métodos usados para derrubar os regimes stalinistas foram manifestações em massa e greves gerais – não os métodos usuais da contra-revolução burguesa – com demandas que tinham como objetivo reduzir ou abolir os privilégios da burocracia. Em uma das muitas reportagens do Militant (predecessor do The Socialist) antes do colapso do regime stalinista na Alemanha Oriental, a demanda por democracia era evidente. Em 24 de outubro, nós reportamos: “Alguns milhares de jovens marchavam pelas ruas. Eles foram bloqueados por fileiras policiais, com os braços entrelaçados. Os jovens marcharam até eles e começaram a cantar: ‘Vocês são a polícia do povo. Nós somos o povo. Quem vocês estão protegendo?’ Eles cantaram a Internacional e então começaram uma canção das lutas contra o fascismo chamada ‘A Frente Unida dos Trabalhadores’. Suas palavras tiveram um particular efeito sobre a polícia: ‘Vocês também pertencem à frente unida dos trabalhadores, pois vocês também são trabalhadores’. A polícia simplesmente ficou parada e foi varrida de lado enquanto os jovens iam adiante. Nos bares, tropas de soldados discutiam abertamente com os trabalhadores e jovens. Um grupo discutia a perspectiva do regimento receber ordens de atirar nos manifestantes. Um conscrito exclamou: ‘Eles podem ordenar, mas nós nunca atiraremos no povo. Se eles fizerem isso vamos voltar as armas contra os oficiais’.”

Na Rússia apareceram cartazes: ‘Não o povo para o socialismo, mas o socialismo para o povo; abaixo os privilégios especiais para políticos e burocratas, os servos do povo devem ter de ficar nas filas”. Nesta etapa, uma pesquisa de opinião na Rússia mostrou que apenas 3% votariam em um partido capitalista nas eleições multipartidárias. Os representantes sérios do capitalismo temiam que as demandas por uma revolução política tomariam precedência sobre o sentimento pro-capitalista que sem dúvida existia em algumas camadas. Um, talvez dois milhões de trabalhadores estavam nas ruas de Beijing, com meio milhão saudando Gorbachev em maio. Depois da sangrenta supressão da Tiananmen, o antigo primeiro-ministro conservador britânico Edward Heath apareceu na TV ao lado de Henry Kissinger, o notório braço direito do presidente Nixon nos bombardeios do Vietnã e do Camboja. Heath declarou: “Os estudantes e trabalhadores chineses não estavam atrás do tipo de democracia que defendemos... eles estavam cantando a Internacional”. Kissinger queixou-se de era “uma pena” que o movimento de massas tivesse manchado o fim da carreira do líder chinês Deng Xiao-Ping.

Para o registro, ambos se opunham ao derramamento de sangue. Mas mais importante para eles era a manutenção das relações comerciais com a burocracia chinesa. De forma nauseante, o deputado trabalhista de direita Gerald Kaufman – famoso recentemente pelo seu envolvimento nos escândalos das despesas indevidas de deputados – então porta-voz trabalhista de assuntos internacionais, declarou: “Pode-se entender que o governo chinês quisesse retomar o controle da praça, embora ele tenha ido exageradamente longe demais para isso”.

Alarme no Ocidente

Thatcher também expressou alarme com os eventos no Leste Europeu, especialmente com a perspectiva da reunificação alemã após o colapso do Muro de Berlim. Documentos recentemente contrabandeados da Rússia e publicados no The Times em setembro mencionam que Thatcher “dois meses antes da queda do muro… disse ao presidente Gorbachev que nem a Grã-Bretanha nem a Europa Ocidental queriam a reunificação da Alemanha e deixou claro que ela queria que o líder soviético fizesse o que pudesse para detê-la”. Ela declarou: “Não queremos uma Alemanha unida… Isso levaria a uma mudança nas fronteiras do pós-guerra, e não podemos permitir isso porque tal acontecimento minaria a estabilidade de toda a situação internacional e colocaria em risco nossa segurança”.

Em uma reunião com Gorbachev ela insistiu que a gravação fosse desligada. Infelizmente para ela, foram feitas notas de seus comentários. Ele não se importava com o que estava acontecendo na Polônia, onde o Partido Comunista foi derrotado na primeira eleição aberta no Leste Europeu desde a tomada stalinista, “apenas algumas das mudanças na Europa Oriental”. Incrivelmente, especialmente com as subsequentes declarações belicosas do presidente dos EUA George Bush pai sobre o Pacto de Varsóvia, ela queria que ele “continuasse existindo”. Ela expressou especialmente sua “profunda preocupação” com o que acontecia na Alemanha Oriental.

Mitterrand também estava alarmado com a perspectiva da reunificação alemã e até mesmo considerou uma aliança militar com a Rússia para “impedi-la”. Ele estava preparado para camuflar isso como “uso conjunto dos exércitos para combater desastres naturais”, usado, de fato, como um alerta casa as massas da Alemanha Oriental fossem longe demais. De um lado, a posição de Thatcher e Mitterrand expressavam o medo de um capitalismo alemão fortalecido, mas também de que as repercussões destes eventos pudessem acionar um incontrolável movimento de massas na Europa Ocidental e outros lugares. Um dos conselheiros de Mitterrand, Jacques Attali, até mesmo disse que ele “iria viver em Marte se a unificação [alemã] ocorresse”. Thatcher escreveu em suas memórias: “Se há um exemplo no qual a política externa que eu conduzi encontrou um fracasso explícito, foi minha política sobre a reunificação alemã”.

Gorbachev e seu séquito do Kremlin, embora lisonjeados com os louvores dirigidos a eles por círculos capitalistas ocidentais, estavam em pânico com o ritmo e a sequência dos eventos na Europa Oriental. Gorbachev ingenuamente acreditava que com concessões parciais e a recusa de sustentar os dinossauros stalinistas na Alemanha Oriental (ele pensava que Erich Honecker, o intransigente autocrata deste país, era um ‘idiota”), as massas seriam gratas e satisfeitas. Gorbachev não tinha intenções, no início, de ‘liberalizar’ o stalinismo da existência. Ele certamente não tinha intenções declaradas de desencadear o capitalismo. Mas, como o resto dos regimes stalinistas, ele foi arrastado pelos eventos. Não foram apenas Honecker, os Ceaucescus na Romênia, as gangues stalinistas dirigentes na Bulgária e em outros lugares que foram derrubados. Eventualmente, os movimentos no Leste Europeu – na “periferia” do stalinismo – se espalharam para o coração russo. O resultado final foi o retorno ao capitalismo na Europa Oriental e na própria Rússia.

A restauração capitalista era inevitável?

Esse resultado era inevitável? Não há “inevitabilidade” na história se, quando as condições para a revolução estiverem maduras, o “fator subjetivo” estiver presente na forma de uma direção e partidos revolucionários testados e temperados. Isso claramente faltava em todos os estados stalinistas, especialmente na própria Rússia. Havia uma repulsa generalizada com o governo desenfreado da burocracia, e também demandas para reduzir os privilégios e a corrupção em larga escala. Havia um anseio e uma busca das massas pelo programa da democracia dos trabalhadores em todos os estados. Além disso, os eventos estavam sendo feitos nas ruas, nas fábricas e nos locais de trabalho. Anteriormente, os marxistas esperavam e acreditavam que era possível, logo após uma revolta em massa, mesmo com um número limitado de quadros marxistas, a criação de um partido de massas. Então, com a direção necessária, isso poderia ajudar as massas a implementarem as tarefas da revolução política: mantendo a economia planificada mas renovando-a com base na democracia dos trabalhadores. Mas eles trabalhavam em sua maioria no escuro, sem raízes ou uma presença real nos estados stalinistas. Dado a presença de “estados fortes” de caráter totalitário no período que levou direto aos eventos de 1989, um trabalho de massas sério era problemático.

A situação era um pouco diferente na Polônia, onde pronunciadas tendências pró-capitalistas estavam evidentes por todos os anos 1980, especialmente após o fracasso do movimento Solidariedade de 1980-81. Naquela época, os elementos de uma revolução política existiam até mesmo no programa do Solidariedade, embora sob a direção de Lech Walesa ele estivesse sob o signo da religião, da Igreja Católica. Já coexistindo ao lado desses elementos havia sentimentos pró-capitalistas. O esmagamento militar do movimento Solidariedade em 1981 foi realizado não pelo Partido “Comunista” Polonês – cuja autoridade já tinha evaporado completamente – mas pelo regime militar-bonapartista stalinista do General Jaruzelski. Isso, aliado ao crescimento econômico do capitalismo dos ano 1980, empurrou para o último plano a esperança da democracia dos trabalhadores e da manutenção da economia planificada. O sentimento das massas se voltou para outras alternativas, especialmente o retorno ao capitalismo, revelado durante as visitas de Thatcher e Bush à Polônia em 1988. Eles receberam uma enorme saudação nas ruas de Varsóvia, com as massas, ingenuamente como foi revelado, esperando melhores resultados, em termos de maiores padrões de vida, do que os do desacreditado modelo stalinista desabando ao seu redor.

Esse processo não foi tão pronunciado em outros lugares, certamente não na Rússia. Lá, a esperança de uma revolução política não se extinguiu inteiramente entre os marxistas da Rússia e internacionalmente, mesmo com os eventos na Polônia. Afinal, a revolta do povo húngaro em 1956 foi acompanhado pela criação de conselhos de trabalhadores no modelo da Revolução Russa. Isso depois que as massas foram mantidas na noite escura dos 20 anos do terror fascista de Horthy, seguidos pelos dez anos do terror stalinista. Não havia uma tendência dominante pró-retorno ao capitalismo em 1956. O mesmo era verdade na Polônia no mesmo ano, em 1970 e 1980-81. Em 1968 na Tchecoslováquia havia forças que defendiam o retorno ao capitalismo, mas elas estavam em minoria, com a esmagadora maioria das massas buscando as idéias de democracia dos trabalhadores, resumidas na frase do primeiro-ministro Alexander Dubcek, “Socialismo com face humana”.

O esmagamento da “Primavera” tchecoslovaca de 1968 – antes que pudesse florescer no verão de uma revolução política – desferiu um golpe pesado na perspectiva de uma democracia dos trabalhadores como uma saída do impasse do stalinismo moribundo. A História não fica parada; a agonia de morte do stalinismo por mais de uma década, combinada com os aparentes fogos de artifício econômicos do boom capitalista mundial dos anos 1980, geraram a ilusão de que o sistema “do outro lado do muro”, o capitalismo ocidental, oferecia um modelo melhor para o progresso do que o sistema frustrante da Europa Oriental e da Rússia.

Por que a resistência limitada?

Uma das questões mais perturbadoras que confrontam os marxistas desde então foi a pouca resistência aparente entre as massas da população quando a Rússia tomou passos na direção do capitalismo. Contudo, uma resposta a esse enigma pode ser encontrada na história do stalinismo, especialmente nas diferentes fases pelas quais ele passou. Em particular, os processos de expurgo organizados por Stalin em 1936-38 representaram um ponto de inflexão decisivo. Ao aniquilar os últimos remanescentes do Partido Bolchevique – destruindo até capituladores como Zinoviev e Kamenev – Stalin esperava anular a memória da classe trabalhadora da URSS. Até então, duas gerações ainda estavam ligadas à Revolução Russa e seus ganhos, na forma da nacionalização das forças produtivas e de um plano de produção.

Além disso, havia um apoio generalizado entre as camadas desenvolvidas da classe trabalhadora internacional para as vantagens e principais conquistas da Revolução Russa. Isso apesar do fato de que, já na Rússia nos anos 1930, como Trotsky pontuou, havia uma crítica generalizada do regime burocrático presidido por Stalin. O advento da revolução espanhola também teve um efeito eletrizante na Rússia, ao gerar esperanças do triunfo da revolução mundial e agitar a memória do que aconteceu na Rússia duas décadas antes. Stalin, portanto, conduziu uma “guerra civil unilateral” para destruir os últimos vestígios do Partido Bolchevique. Mas os expurgos foram muito mais longe do que isso. Ele também usou a situação – no processo vilificando Trotsky e a Oposição de Esquerda Internacional como agentes da contra-revolução estrangeira na URSS – para eliminar na burocracia todas as reminiscências ligadas à memória da revolução. Não foram apenas os Oposicionistas de Esquerda que foram assassinados, mas centenas de milhares de trabalhadores e camponeses, incluindo setores significativos da burocracia. Por meio desses métodos bárbaros, Stalin construiu uma máquina burocrática que não estava ligada de nenhuma maneira com o período heróico da Revolução de Outubro. Pessoas como Nikita Khrushchev, Yuri Andropov e o outros que dominaram o estado nas próximas décadas não participaram da clandestinidade bolchevique ou na revolução de Outubro e, em certo sentido, “não tinham história”, certamente não a rica história revolucionária da Rússia. Todos os elementos críticos dentro da classe trabalhadora também foram eliminados nesta etapa.

Apesar dos monstruosos crimes do stalinismo – incluindo a execução dos altos comandantes militares do Exército Vermelho, o que facilitou a invasão de Hitler em 1941 – as vantagens da economia planificada ainda eram presentes. Além disso, o capitalismo estava assolado por crises, com o desemprego em massa da grande depressão dos anos 1930. Como Trotsky pontuou, havia uma oposição de massas ao stalinismo, mas a mão da classe trabalhadora absteve-se de derrubar o regime por uma combinação de fatores. Não menor era o medo de que um movimento contra Stalin e a burocracia abriria as portas para a contra-revolução capitalista. Ao mesmo tempo, a indústria e a sociedade em termos bastante gerais – e em certa medida os padrões de vida das massas – continuavam avançando apesar da burocracia.

A morte de Stalin, contudo, levou às revelações de Khrushchev no 20º congresso do Partido Comunista da União Soviética e ao chamado “degelo”. Khrushchev denunciou Stalin e alguns de seus crimes, mas, na realidade, apenas doses “admissíveis” de algumas verdades foram permitidas. Mesmo essas verdades parciais misturadas com mentiras não tocavam nos mitos e falsificações stalinistas. Khrushchev temia ir longe demais e os líderes stalinistas russos como Leonid Brejnev, que derrubaram Khrushchev, proibiram quaisquer novas “revelações” reais dos crimes de Stalin e das causas do próprio stalinismo. Depois, eles até mesmo aceitaram sua reabilitação parcial. Portanto, à medida que o sistema começou a se despedaçar, não existia na Rússia nenhuma alternativa marxista real, sem falar de uma consciência de massas desenvolvida que apresentasse um programa de democracia dos trabalhadores.

Teria sido inteiramente possível na época do colapso do stalinismo, desde o final dos anos 1980, apresentar um quadro claro das razões dos expurgos, os processos, as causas do stalinismo e a alternativa a esse sistema desacreditado. Mas, ironicamente, os expurgos e a máquina repressora dizimaram qualquer “fator subjetivo” que pudesse se desenvolver e jogar um papel decisivo. Contudo, seria um erro concluir que não havia elementos na Rússia que buscassem um programa de democracia dos trabalhadores. Mas estes eram muito fracos para conter a atração do ocidente capitalista, especialmente para uma nova geração completamente despreparada, seduzida pela aparente abundância dos bens de consumo que foram levados a acreditar que estavam lá para quem quisesse.

Capitalismo gangster

O retorno do capitalismo barrou qualquer tentativa de investigar honestamente as raízes e razões do stalinismo, na preparação para a restauração da economia planificada com base na democracia dos trabalhadores. Os poucos que tentavam eram esmagados por uma onda da maliciosa propaganda anticomunista dos chamados jornais “democráticos” a serviço da burguesia emergente. Eles eram o espelho burguês da escola stalinista de falsificação. O totalitarismo stalinista, diziam, surgiu do caráter “criminoso” do bolchevismo; a revolução russa foi um “golpe” etc.

O que se seguiu foi uma orgia de propaganda capitalista que inundou a Rússia pós-1989, acompanhada pelas promessas do que o então chanceler alemão Helmut Kohl previu “paisagens florescentes” em um mundo pós-stalinista. Na estrada do retorno ao capitalismo, as massas nestes estados eventualmente chegariam aos padrões de vida alemães, se não americanos. “Passando por Bangladesh”, replicava o pequeno bando de marxistas na Europa Oriental. No melhor, o que se poderia esperar para a classe trabalhadora da Rússia e Leste Europeu, dizíamos, era talvez que ela afundaria nos padrões de vida latino-americanos. Isso, temos que confessar hoje, era uma perspectiva desesperadamente otimista. A Rússia experimentou um colapso sem precedentes em suas forças produtivas que excedia em alcance e profundidade a grande depressão dos anos 1930.

Entre 1989-98 quase metade (45%) de sua produção foi perdida. Isso foi acompanhado por uma desintegração sem precedentes em toda a antiga URSS nos elementos básicos de uma sociedade “civilizada”, com as taxas de homicídio e crimes dobrando. Em meados dos anos 1990 a taxa de assassinatos era de mais de 30 por 100.000 pessoas, contra um ou dois na Europa Ocidental. Apenas dois países na época tinham taxas mais altas: África do Sul e Colômbia. Mesmo no Brasil e México, com alta criminalidade, os dados eram 50% mais baixos do que a Rússia. A taxa de homicídios dos EUA, o mais alto no mundo “desenvolvido”, de 6-7 por 100.000, não era nada em comparação. Em 2000, um terço da população russa vivia abaixo da linha da pobreza oficialmente definida. A desigualdade triplicou.

A taxa de homicídios foi um produto e um sintoma do irrefreável capitalismo gangster. Ex-membros da Liga da Juventude Comunista, como o proprietário do Chelsea Futebol Clube, Roman Abramovitch, apoderaram-se da parte lucrativa das antigas empresas estatais – como as do petróleo – para si mesmos. Um tiroteio ao estilo dos gangsteres de Chicago nos anos 20 a uma escala nacional ou mesmo continental ocorreu entre os diferentes grupos sobre a divisão do bolo estatal. A economia russa foi efetivamente partida ao meio por causa da destruição forjada pelo retorno ao capitalismo. As rendas reais nos anos 1990 afundaram em 40%. Em meados do fim dos 1990 mais de 44 milhões das 148 milhões de pessoas da Rússia viviam na pobreza – definida como menos de 32 dólares por mês. Três quartos da população viviam com menos de 100 dólares por mês. Os suicídios dobraram e as mortos por excesso de álcool triplicaram em meados dos 1990. A mortalidade infantil caiu a níveis de terceiro mundo enquanto a taxa de natalidade colapsou. Em meros cinco anos de “reforma”, a expectativa de vida das mulheres caiu em dois anos para 72, e em quatro anos para 58 entre homens. Incrivelmente, para os homens isso era mais baixo do que há um século antes! Se a taxa de homicídios tivesse continuado, a população russa teria colapsado em um milhão por ano, caindo para 123 milhões, um colapso demográfico não visto desde a segunda guerra mundial, quando a Rússia perdeu de 25 a 30 milhões de pessoas. No fim de 1998 pelo menos dois milhões de crianças russas estavam órfãs – mais do que em 1945. Apenas 650.000 viviam em orfanatos, enquanto o resto dessas infelizes crianças não tinham lar!

A nova burguesia, no que foi descrito como um infernal e irrefreável saqueio, de fato roubou tudo o que podia agarrar. Ela saqueou a riqueza e os recursos naturais da nação, vendeu o ouro, os diamantes o petróleo e o gás estatais. Os horrores da revolução industrial – o nascimento do capitalismo moderno – descrito graficamente no Capital de Marx – não foram nada comparados com os monstruosos crimes com que a nova burguesia russa celebrou sua entrada no mundo. Esse inferno na Terra diminuiu um pouco no fim dos anos 1990 com o crescimento da renda nacional abastecido principalmente pela exportação de petróleo e gás, amparado no boom capitalista mundial que agora chegou ao fim. Politicamente, o caos dos anos 1990 foi substituído pela “ordem” de Vladimir Putin e Dmitri Medvedev. Mas a Rússia ainda não alcançou, na produção manufatureira pelo menos, o nível de 1989-90. Essa é um devastador veredicto ao “renascimento” do capitalismo na Rússia. Comparada com a criança saudável e robusta da revolução industrial no nascimento do capitalismo, a Rússia moderna ainda está lutando para respirar, sem falar de caminhar e correr. As massas de todos os ex-estados stalinistas carregam um terrível fardo com o retorno do capitalismo.

Consequências de longo alcance

A classe trabalhadora internacional também pagou um preço pesado. O colapso desencadeado em 1989 não foi apenas do aparato stalinista mas, com ele, das economias planificadas, o principal ganho herdado da própria Revolução Russa. A contra-revolução social que fez a roda da história voltar atrás nestes estados também mudou decisivamente as relações mundiais por um período. Sozinho entre os marxistas, o Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT) reconheceu o que esse reverso representava. Foi uma derrota histórica para a classe trabalhadora. Antes disso um modelo alternativo para a gestão da economia – apesar das monstruosas distorções do stalinismo – existia na Rússia, Leste Europeu e, em certo sentido, também a China. Isso agora era eliminado. Fidel Castro comparou o fim destes estados como equivalente ao ‘sol sendo apagado’. Para os marxistas, essas sociedades não representavam o sol. Mas elas, pelo menos em sua forma econômica, representavam uma alternativa que, com base na democracia dos trabalhadores, poderia levar a sociedade adiante.

Embora reconhecendo o que tinha ocorrido, também mostramos que essa derrota não era da escala dos anos 1930, quando Hitler, Mussolini e Franco esmagaram as organizações dos trabalhadores, lançando assim as bases para a catástrofe da 2ª Guerra Mundial. A derrota do fim dos anos 1980 foi mais de caráter ideológico que permitiu aos ideólogos capitalistas ridicularizar qualquer projeto socialista futuro.

Entretanto, embora o colapso do stalinismo fosse em grande parte um golpe ideológico na classe trabalhadora internacional, ele também teve sérias repercussões materiais. Isso levou ao completo colapso político dos líderes das organizações de trabalhadores, que abandonaram o socialismo mesmo como um objetivo histórico, e abraçaram as idéias capitalistas de uma forma ou outra. Não apenas na Grã-Bretanha, com o advento do Novo Trabalhismo, mas internacionalmente os antigos partidos de trabalhadores implodiram em formações capitalistas. Eles apenas diferiam dos partidos abertamente burgueses da mesma forma que os partidos capitalistas liberais ‘radicais’ diferiam no passado e ainda diferem nos EUA, na forma dos Democratas e Republicanos – diferentes lados da mesma moeda capitalista. Nos sindicatos, as direções em sua maioria abandonaram qualquer idéia de uma alternativa ao capitalismo. Eles portanto procuravam se acomodar ao sistema, barganhando entre o trabalho e o capital, ao invés de oferecer um desafio fundamental.

Se você aceita o capitalismo, você aceita sua lógica, suas leis, especialmente a busca dos patrões em maximizar a lucro em nome dos capitalistas em detrimento da classe trabalhadora. Isso vai de mãos dadas com a “parceria social”. Isso pode levar ao “sindicalismo empresarial”, que limita qualquer movimento militante da classe trabalhadora para obter mais do que os patrões supostamente podem dar. De fato, o desenvolvimento dos líderes sindicais domesticados, acomodando-se aos limites do sistema, junto com o abandono de qualquer objetivo histórico do socialismo pelos líderes das organizações dos trabalhadores, encorajou enormemente a confiança e o poder dos capitalistas. Isso facilitou – sem qualquer resistência real dos líderes sindicais – uma massiva disparidade de renda em uma escala não vista desde antes da primeira guerra mundial. O capitalismo desenfreado não foi contido pelos líderes sindicais. Pelo contrário, isso deu a eles pleno alcance para que espremessem impiedosamente a classe trabalhadora a fim de obterem um maior rendimento – com uma fatia cada vez menor indo para os salários – tudo no altar de um capitalismo reanimado.

Teste para a esquerda

Os eventos de 1989 e suas consequências foram testes para os marxistas e aqueles que afirmavam estarem na posição trotskista. Com a exceção do CIT, a reação da maioria das organizações marxistas deixou a desejar, para dizer o mínimo. Os morenistas na América Latina (a Liga Internacional dos Trabalhadores, LIT) procurou enterrar suas cabeças na areia, recusando-se a reconhecer que o capitalismo tinha sido restaurado. Eles apenas mudaram de posição os eventos os acertaram na cabeça e não era mais possivel negar a realidade. Os “capitalistas de estado” – a direção da Tendência Socialista Internacional (IST, em inglês), incluindo o SWP britânico – acreditavam que a Rússia e o Leste Europeu não eram estados operários deformados, mas capitalismos de estado. O retorno do capitalismo não foi considerado uma derrota, mas um “movimento lateral”. Na Alemanha Oriental, o IST apoiou a reunificação da Alemanha em uma base capitalista. Essa abordagem foi acompanhada pela desastrosa teoria de que nada tinha mudado fundamentalmente no mundo e que, portanto, os anos 1990 eram favoráveis ao marxismo por serem “os anos 1930 em câmera lenta”.

Ao outro lado, os partidários do Secretariado Unificado da Quarta Internacional também tiraram conclusões pessimistas. Seu principal teórico, Ernest Mandel, confessou a Tariq Ali pouco antes de morrer que o “projeto socialista” estava fora da agenda por pelo menos 50 anos!

Todos os que previram o aumento colossal do ciclo de vida do capitalismo, junto com o enterro do socialismo por gerações, foram respondidos na teoria com os argumentos e idéias apresentados pelo genuíno marxismo nas últimas duas décadas. Mas o impacto dos eventos tem sido a maior resposta aos céticos, especialmente a atual e devastadora crise mundial do capitalismo. A intervenção econômica dos governos capitalistas mundialmente conseguiu evitar uma repetição imediata, talvez apenas temporária, da depressão mundial dos anos 1930. Ao mesmo tempo, a consciência da classe trabalhadora sobre a gravidade da situação ainda não alcançou a situação objetiva. Isso restaurou parcialmente a confiança anteriormente despedaçada dos porta-vozes do capitalismo mundial, que temiam que levantes em massa desafiando as próprias bases de seu sistema se desenvolvessem em conseqüência da crise.

Em geral, o pensamento humano é muito conservador; a consciência da classe trabalhadora sempre esteve atrás dos eventos. Isso é reforçado quando a classe trabalhadora não possui organizações de massas que podem agir como um ponto de referência na luta contra o capitalismo. A direita, mesmo a extrema-direita, parece ter sido a principal grande beneficiária política desta crise. Isso não é único ou excepcional na primeira fase de uma crise econômica. Algo similar também se desenvolveu em alguns países nos anos 1930, como pontuou recentemente o comentarista político britânico Seumus Milne no The Guardian. Contudo, ele foi muito generalizante ao dar a impressão de que isso era a reação imediata em todos os países. A crise de 1930 também testemunhou uma radicalização política entre a classe trabalhadora numa extensão muito maior do que se desenvolveu até agora nesta crise.

É verdade que houve o fortalecimento dos nazistas na Alemanha, como resultado da crise dos anos 1930. Mas também a revolução espanhola começou a se desdobrar e as massas entraram em ação, tardia mas decisivamente na França de 1931 em diante. O fato que estava presente, embora de forma imperfeita, nos anos 1930 e ainda não está hoje, eram partidos e organizações comunistas e socialistas de massas da classe trabalhadora que, formalmente pelo menos, se opunham ao capitalismo. Mesmo nos EUA durante a crise de 1929-33, embora a classe trabalhadora estivesse paralisada sindicalmente, setores significativos foram radicalizados politicamente e mesmo o Partido Comunista, por exemplo, engordou com novos membros. Isso ainda não aconteceu em uma escala significativa, em grande parte resultado da ausência de partidos de massa, ainda que pequenos, da classe trabalhadora, cuja criação continua sendo uma tarefa urgente para os socialistas, marxistas e do movimento dos trabalhadores. Contudo, mesmo então, embora as tentativas de criar tais organizações já tenham sido esboçadas, sem um firme núcleo marxista que forneça a espinha teórica para essas formações, muitos destes novos acontecimentos podem tropeçar, alguns abortarem e até mesmo colapsar. Não obstante, permanece uma tarefa fundamental criar a base de tais formações no próximo período.

1989 foi um ponto de inflexão em geral e também para o marxismo. Como a mais otimista mas também a mais realista tendência dentro do movimento dos trabalhadores, reconhecemos que o que ocorreu foi um retrocesso significativo para o movimento dos trabalhadores. Mas não perdemos a cabeça. O colapso do stalinismo não eliminou as contradições inerentes do capitalismo. É verdade, o sistema recebeu um estímulo, reforçando o processo de globalização através do fornecimento de mão de obra barata, como a nova fonte de exploração, até de super-exploração, do capitalismo. Mas a própria fraqueza do movimento dos trabalhadores encorajou a confiança, de fato a presunçosa arrogância da classe dominante, que excedeu a si mesma nas economias bolhas das últimas duas décadas. O húbris foi seguido pela nemesis desta crise. A paisagem do capitalismo mundial não é de forma alguma “florescente”, mas está empestado de milhões de trabalhadores desempregados descartadas e com o crescimento do exército dos pobres.

A classe trabalhadora está se movendo e respondendo. O marxismo, relegado pelos ideólogos capitalistas à marginalidade, ao enfrentar diretamente essa situação demonstrou sua viabilidade neste difícil período. Mas não é apenas em períodos de derrota que suas vantagens são mostradas através de uma análise sóbria. Seu programa e políticas, através do Partido Socialista e do CIT, neste novo período de crescente mobilização das massas contra o capitalismo, também mostrará sua validade. 1989 não enterrou o socialismo ou o marxismo. Ele ofuscou temporariamente a visão da classe trabalhadora, que está agora sendo esclarecida com a atual crise e a incapacidade deste sistema de resolver mesmo as exigências básicas da massa dos povos do planeta.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Manifesto em defesa do MST

Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais. Assinam este manifesto diversos intelectuais, ativistas e lideranças.

As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo.

Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.

Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.

Bloquear a reforma agrária

Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário é deslocado dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.

Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.

O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais, como única alternativa para a agropecuária brasileira.

Concentração fundiária

A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.

Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no 1º semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.

Não violência

A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária.

É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.

Contra a criminalização das lutas sociais

Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.

Assinam esse documento:

* Eduardo Galeano - Uruguai
* István Mészáros - Inglaterra
* Ana Esther Ceceña - México
* Boaventura de Souza Santos - Portugal
* Daniel Bensaid - França
* Isabel Monal - Cuba
* Michael Lowy - França
* Claudia Korol - Argentina
* Carlos Juliá – Argentina
* Miguel Urbano Rodrigues - Portugal
* Carlos Aguilar - Costa Rica
* Ricardo Gimenez - Chile
* Pedro Franco - República Dominicana


Brasil:

* Antonio Candido
* Ana Clara Ribeiro
* Anita Leocadia Prestes
* Andressa Caldas
* André Vianna Dantas
* André Campos Búrigo
* Augusto César
* Carlos Nelson Coutinho
* Carlos Walter Porto-Gonçalves
* Carlos Alberto Duarte
* Carlos A. Barão
* Cátia Guimarães
* Cecília Rebouças Coimbra
* Ciro Correia
* Chico Alencar
* Claudia Trindade
* Claudia Santiago
* Chico de Oliveira
* Demian Bezerra de Melo
* Emir Sader
* Elias Santos
* Eurelino Coelho
* Eleuterio Prado
* Fernando Vieira Velloso
* Gaudêncio Frigotto
* Gilberto Maringoni
* Gilcilene Barão
* Irene Seigle
* Ivana Jinkings
* Ivan Pinheiro
* José Paulo Netto
* Leandro Konder
* Luis Fernando Veríssimo
* Luiz Bassegio
* Luis Acosta
* Lucia Maria Wanderley Neves
* Marcelo Badaró Mattos
* Marcelo Freixo
* Marilda Iamamoto
* Mariléa Venancio Porfirio
* Mauro Luis Iasi
* Maurício Vieira Martins
* Otília Fiori Arantes
* Paulo Arantes
* Paulo Nakatani
* Plínio de Arruda Sampaio
* Plínio de Arruda Sampaio Filho
* Renake Neves
* Reinaldo A. Carcanholo
* Ricardo Antunes
* Ricardo Gilberto Lyrio Teixeira
* Roberto Leher
* Sara Granemann
* Sandra Carvalho
* Sergio Romagnolo
* Sheila Jacob
* Virgínia Fontes
* Vito Giannotti


Para subscrever esse manifesto, clique no link: http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

‘Estaremos contra o golpe enquanto estiverem no poder’

Entrevista concedida por Juan Barahona, líder da resistência hondurenha, a Pedro Fuentes, secretário de Relações Internacionais do PSOL

Tegucigalpa, 2 de outubro de 2009

“Não temos prazo, estaremos contra o golpe até que estejam pelo último dia no poder.” Assim disse Juan Barahona numa entrevista realizada na sede do STYBIS, Sindicato dos Trabalhadores de Bebidas e Afins. Barahona é hoje o principal líder da resistência, junto com Carlos Reyes, presidente desse sindicato e também seu companheiro próximo e candidato independente nas últimas eleições. O fato de que Reyes esteja ferido e não possa participar ativamente faz com que Barahona seja a cabeça mais visível da resistência, sendo entrevistado nas rádios e requisitado pela imprensa e também por ativistas e militantes.

Ele tem 55 anos e iniciou sua militância em 1975, no movimento estudantil. Em 1977, ingressou no Partido Comunista. Militou lá até sua dissolução. Vale lembrar que o partido se auto-dissolveu depois da queda do Muro de Berlim. Mas uma grande parte dos quadros do PC hondurenho não parou sua militância, ficando apenas sem uma organização. Até que em 1995, com o encontro com militantes salvadorenhos da Tendência Revolucionária, fundaram a organização em Honduras. A TR se formou a partir da FMLN - Frente Farabundo Martí de Liberación Nacional em El Salvador quando este partido se transformou devido à assimilação eleitoral e ao oportunismo.

Juan Barahona não pára um minuto. Conseguiu fazer uma pausa para nos dar esta entrevista no STYBIS, que faz parte da FUT - Federação de Trabalhadores de Honduras, da qual é presidente. Além disso, preside o Sintraina, sindicato que foi desocupado há dois dias.

“O que perdemos nos 90 recuperamos nos 2000”

Barahona começou a entrevista nos falando de sua história e do Bloco Popular, que se formou em 2000 e que hoje tem sido fator decisivo na resistência. Essa frente formada pelo Bloco agrupa os sindicatos campesinos filiados à FUT, partidos e organizações de esquerda, entre elas a TR. O BP foi o motor das mobilizações que dominaram a década de 2000.

“Nos anos 90, a luta foi extremamente defensiva. No caso do nosso sindicato, Sintraina, encarregado da relação do governo com os campesinos, fomos despedidos em 93. Fizemos uma greve de fome em frente à embaixada gringa por 10 dias e a suspendemos numa negociação na qual nos prometiam reincorporação”, lembra. “A partir de 2000, a situação mudou. Desde então, a luta é contra o modelo neoliberal e o sistema. A partir deste ano, a FUT organiza o Bloco Popular, junto com organizações campesinas, professores e populares, e agora estamos nas ruas.” Com essa organização, se travaram grandes batalhas. Foram feitos bloqueios e greves. “No ano passado, o Bloco organizou uma greve em 17 de abril. Em maio, quatro fiscais do Estado iniciaram uma greve contra a corrupção. Foi um movimento exemplar, com o qual se acabou bloqueando todos os caminhões e praticamente parou o país.” Houve outra greve geral em agosto e outubro, com uma pauta de reivindicação de 12 pontos, que foram apresentados ao governo e negociados com Manuel Zelaya (Mel).

“A Frente Nacional da Resistência tem reunido a maioria da população”

“A Frente Nacional da Resistência é uma coordenação entre o Bloco Popular, a União Democrática, as centrais sindicais e o setor popular do Partido Liberal, que defende Mel. Aqui está reunida a maioria da população.”

“Honduras mudou completamente, e vamos tirar um resultado muito positivo de tudo isso; uma organização e uma grande experiência. Nesses dias de lutas, o nível de consciência se elevou muito mais que em cem aulas sobre a luta de classes. É um divisor de águas. É luta de classes; de uma lado o povo explorado, e do outro a burguesia, os grandes burgueses que dominam este país. Os mesmos liberais que estão na resistência os vêem assim. É muito fácil argumentar que é uma luta de pobres contra ricos, meter todos eles num só grupo.”

A atual conjuntura

“Estamos diante de uma conjuntura que é complicada. Enquanto a repressão continua, agora se fala de negociações. Nós somos a favor de participar como resistência das negociações, não fechamos o diálogo. Vemos que há rupturas dentro do regime. A viagem dos deputados do Brasil é importante, apoiando a presença de Zelaya em sua embaixada. Se vierem a OEA e a ONU, será bom. Até agora não fizeram nada porque jogam a favor do império. Esperamos que demonstrem empenho. Estamos a favor de participar das negociações, mas ao mesmo tempo dizemos aos golpistas que não temos prazo; estaremos nas ruas até o último dia em que estiverem no poder.”

“O futuro é nosso”

“Carlos Reyes é o candidato independente, da resistência e do movimento popular à presidência. Se participa ou não das eleições, é uma questão de se aceitar as condições e que seja com Zelaya no poder. De acordo com a situação, estudaremos o que fazer.”

“O futuro é nosso. Mais nada será igual em Honduras, e a disputa de poder se dará agora ou mais adiante. A resistência tem condições de organizar um movimento político social para lutar pelo poder.”

“Hoje, acabamos de receber uma grata notícia dos Estados Unidos. Nos informaram que os estivadores decidiram boicotar a descarga de produtos das maquilas daqui. É muito bom golpear os empresários. Se não fosse por eles e pela direita da América Latina, não existiria golpe de Estado em Honduras.”

“Nós seguimos organizando a resistência e continuamos nas ruas. Na quarta-feira fomos dispersados, mas hoje conseguimos sair de novo; marchamos desde a embaixada dos EUA, passamos pelo CORE, onde estão detidos os campesinos que foram retirados do INA, e terminamos no centro da cidade.”

Mais informações sobre Honduras no Blog da Secretaria de Relações Internacionais do PSOL:

http://internacionalpsol.wordpress.com/

sábado, 3 de outubro de 2009

Dirigentes do MTL são condenados à prisão por lutarem pela Reforma Agrária

www.mtl.org.br
2 de outubro de 2009

João Batista da Fonseca, membro da Coordenação Nacional do MTL e presidente do PSOL de Minas Gerais; e Wanduiz Evaristo Cabral, o Dim Cabral, membro da Coordenação Estadual do MTL e da Executiva Estadual do PSOL/MG, foram injustamente condenados a 5 anos e 6 meses de prisão por lutarem a favor da Reforma Agrária. Ambos são vítimas de processos criminais que foram propostos pelo Ministério Público da cidade de Uberlândia em 2001, por ocasião da luta pela desapropriação da Fazenda Tangará.

Condenados em primeira instância por roubo e incitação ao crime pelo juiz Joemilson Donizetti Lopes, João Batista e Dim Cabral foram vítimas agora, da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que confirmou a condenação dos mesmos, em decisão no último dia 22 de setembro.

Num segundo processo julgado em primeira instância pelo mesmo juiz Joemilson Donizetti Lopes, João Batista, Dim Cabral e Marilda Ribeiro, advogada e coordenadora do MTL, foram novamente condenados por extorsão, incitação ao crime e formação de quadrilha. De acordo com a denúncia, os dirigentes do Movimento "se associaram para a prática de crimes, saqueando e invadindo terras particulares, comandando e incitando pessoas à prática de crimes de roubo de gado, veículos, equipamentos agrícolas e objetos pertencentes à Fazenda Tangará. Consta ainda que exigiam das vítimas o pagamento de 30% do salário de aposentadoria percebido, sob ameaça de não receberem pontuação para aquisição de uma eventual gleba de terras".

Os termos desta denúncia do Ministério Público, acatada pela Justiça em Minas Gerais para condenar os dirigentes do MTL revela toda a carga de preconceitos e discriminação usada para destruir a vida de pessoas de bem e preservar o direito de propriedade da terra acima de sua função social.

A Fazenda Tangará, uma área de mais de 5000 hectares, localizada no município de Uberlândia, que era de propriedade da CIF - Companhia de Integração Florestal, uma empresa que recebeu vultosos recursos públicos para o cultivo de eucalipto na década de 70, foi considerada improdutiva pelo INCRA. Em torno de 700 famílias coordenadas pelo MTL ocuparam-na, pela primeira vez, em 1999, que após despejo promovido pela polícia montaram acampamento na rodovia por 6 meses, e a reocuparam em março de 2000. A partir daí se estabeleceu um intenso conflito, que envolveu a polícia, juízes e promotores que sempre atuavam para defender os interesses do latifúndio improdutivo e de tudo faziam para derrotar a luta dos trabalhadores sem terra. Hoje a área é um grande assentamento onde vivem mais de 250 famílias.

É flagrante pelas provas constantes dos autos, inclusive pelo depoimento das próprias testemunhas de acusação, que os acusados não cometeram os crimes pelos quais foram sentenciados. O Juiz criminal ao sentenciar, não agiu de forma isenta, e sim por vingança contra a luta pela desapropriação da Fazenda Tangará. Aquele latifúndio, desapropriado, no curso da instrução criminal, foi o palco de uma grande derrota de um setor conservador da justiça em Minas Gerais que, determinara a desocupação da fazenda, decisão esta, que foi rechaçada, firmemente, pelo então Governador Itamar Franco.

Com exceção do governo de estado à época, ficou clara a aliança dos poderes locais e nacionais contra as famílias dos trabalhadores, os quais, sustentados pela polícia local e pela justiça mineira, tentaram de todas as formas, intimidá-los a desistirem da luta pela desapropriação daquele latifúndio. Como não conseguiram, tentam agora, criminalizá-los.

É preciso impedir a prisão dos companheiros João Batista, Dim Cabral e Marilda Ribeiro. Conclamamos a solidariedade aos lutadores sociais que são vítimas desta inaceitável condenação e a mobilização contra este ato de injustiça e perseguição política.

Movimento Terra Trabalho e Liberdade - MTL

Enviar mensagens de apoio e solidariedade: nacional@mtl.org.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. / fjoama@yahoo.com.br

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Zelaya em Honduras

Triunfo da mobilização popular!!!

Não à repressão golpista!!!


1 – A entrada de Zelaya em Honduras é uma enorme vitória dos 85 dias da resistência hondurenha. Esta nos coloca a urgente tarefa de redobrar a solidariedade continental com a resistência no momento em que se tem aberto uma confrontação entre o povo e a ditadura. Se abriu uma nova situação que nos coloca a tarefa urgente de apoiar os próximos passos a serem realizados nos dias seguintes em Honduras e também preparar com toda nossa dedicação o encontro que eles marcaram para os dias 7 e 8 de Outubro.

2 – Não se pode entender que Zelaya tenha entrado no país – sem nenhuma negociação com o regime ou melhor dito inclusive o surpreendendo – se não graças a poderosa resistência hondurenha que deu um salto no dia 15 de Setembro. Como afirmarão companheiros centro-americanos vinculados à Frente de Resistência Nacional, “ esse dia (15 de setembro) no que se celebra a independência da América Central, a resistência mobilizou, segundo alguns dirigentes como Rafael Alegría, 3 milhões e meio de pessoas. Apesar de não termos como comprovar esta quantidade, pois se refere a mais de 20 mobilizações realizadas em todo o país, mas afirmamos que a mobilização em Tegucigalpa, na qual participamos, havia não menos que 150 mil pessoas.”

3 – A resistência não só não se desgastou nos seus 85 dias como pelo contrario seguiu avançando, gerando o que podemos chamar de uma revolução popular democrática, um processo de mobilização tão ou mais profundo do que os que viveram em seus momentos Venezuela, Bolívia e Equador.

A entrada de Zelaya e seu posicionamento na embaixada brasileira, fortalece este processo aberto e estabelece de fato dois poderes: Zelaya e o povo mobilizado de um lado, e a oligarquia golpista do outro. Como vai se definir este processo dependerá da força da mobilização popular para enfrentar o regime e da atuação da direção da resistência.

4 – Outro elemento que permitiu o crescimento da resistência foi o isolamento internacional do regime golpista. Esse isolamento é também produto do ascenso continental que vive a América Latina e que se expressa no papel que tem jogado os países da ALBA, encabeçados pela Venezuela, que se posicionaram incondicionalmente pelo retorno de Zelaya, e que tem sido quase com certeza, quem colaborou com a sua entrada, como havia feito nas tentativas anteriores.

Esta situação é também o que explica que o imperialismo yankee não pudera apoiar abertamente ao golpe e que Obama teve de manter o seu rechaço ao governo golpista e a posição de uma saída negociada com a volta de Zelaya.

5 – As próximas horas e dias serão chaves para o desenlace do processo hondurenho. No retorno ao seu país Zelaya dice: “Patria, restitución o muerte". Também disse que o acordo proposto pelo presidente de Costa Rica, Arias, já não serve. Esta foi a posição transmitida pelo embaixador nicaraguense a reunião de urgência da OEA.

A esta hora começou um confronto entre a resistência e a ditadura golpista que tenta retirar os manifestantes posicionados na embaixada brasileira.

POSICIONAMOS ABERTAMENTE CONTRA A REPRESSÃO E PELA RENUNCIA DO GOVERNO GOLPISTA E EM APOIO A IMEDIATA RESTITUIÇÃO DE ZELAYA AO PODER, PELA MAIS AMPLA SOLIDARIEDADE E COLABORAÇÃO COM A FRENTE DE RESISTÊNCIA NACIONAL. É a hora de desenvolver uma ampla e incondicional campanha de solidariedade no movimento social brasileiro, denunciando a repressão do governo golpista, se solidarizando com a resistência e preparando uma importante delegação para se fazer presente no encontro de Honduras.

Secretaria de Relações Internacionais do PSOL

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Debate: "Por um Programa Socialista para o Brasil" HOJE!

Debatedores:

Plínio de Arruda Sampaio
Associação Brasileira de Reforma Agrária

Roberto Leher
UFRJ

Paulo Albuquerque
Direção Estadual do MST/SP


Dia: 23/09
Horário: 18h
Salão Nobre do IFCS / UFRJ
Largo de São Francisco
Centro – Rio de Janeiro

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Manifestantes do PSOL pedem liberdade de Battisti

Fonte: Blog do Noblat

O senador José Nery (PA) e o deputado Ivan Valente (SP), ambos do PSol, lideraram uma manifestação a favor da liberdade do ex-ativista italiano Cesare Battisti no Supremo Tribunal Federal (STF).

Acompanhados de pelo menos 13 manifestantes, estenderam faixas e gritaram palavras de ordem no plenário do Supremo.

Ao ouvir os gritos, o presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, exigiu a retirada dos manifestantes.

Eles foram afastados pelos seguranças e se mantiveram do lado de fora do prédio.

Os gritos continuaram: “STF, que ironia. Manter preso político em 30 anos de anistia”.

Nas faixas, frases como: “Basta de liberdade interditada. Libertemos Cesare, libertemo-nos” e “STF – extradição é a modernização da inquisição”.

O julgamento do caso Battisti vai ser iniciado em alguns instantes.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A disputa entre Globo e Record e o interesse público na TV

Pronunciamento de Ivan Valente*,
Câmara dos Deputados, 18 de agosto de 2009

Desde a semana passada, os telespectadores brasileiros têm sido bombardeados em suas casas pela guerra particular promovida entre as duas maiores emissoras de TV do país. De um lado, a Globo, divulgando a exaustão a denúncia do Ministério Público de São Paulo acerca do desvio de recursos das doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD para empresas particulares de Edir Macedo – entre elas a Rede Record. De outro, a mesma Record contra-atacando, produzindo longas reportagens sobre as raízes do monopólio da Globo no Brasil, com direito à divulgação de provas de favorecimento político à emissora durante a ditadura militar e empréstimos ilegais por parte do BNDES. Até cenas do histórico documentário do Channel 4 “Muito Além do Cidadão Kane”, da fraude da ProConsult e do direito de resposta de Leonel Brizola no Jornal Nacional foram colocadas no ar.

Na verdade, nada é novidade nesta disputa. As denúncias de apropriação indevida de recursos da Igreja Universal, que levou a um enriquecimento absurdo da cúpula da IURD, são conhecidas há pelo menos 10 anos. A Globo aproveita de uma nova ação na Justiça para bater de forma escancarada naquela que vem, constantemente, ameaçando de tomar seu lugar na preferência da audiência brasileira. Ou seja, não quer perder anunciantes nem o poder político que detém por ser, historicamente, a mais influente força na formação da opinião pública brasileira.


A Record, por outro lado, em vez de informar os telespectadores sobre a ação em tramitação na Justiça de São Paulo, coloca seu jornalismo a serviço do contra-ataque político à Globo, veiculando fatos e relatos que há muito tempo são de conhecimento daqueles que lutam pela democratização da mídia no país – embora permanentemente abafados pela grande imprensa.


Neste sentido, a guerra midiática tem um aspecto curioso. Dos dois lados da disputa, informações de interesse público, que sempre foram omitidas dos cidadãos e cidadãs brasileiras, finalmente vêm à tona. É fundamental que o grande público tenha a chance de ouvir, na televisão, que o crescimento da Record contou com a “ajuda” involuntária e ilegal dos recursos da Igreja Universal. É essencial que o mesmo público conheça os bastidores da história que transformou a Rede Globo num poder intocável no país, capaz de eleger e derrubar presidentes.


A questão é que, nesta briga, o melhor lado para se apoiar é aquele que, mais uma vez, está sendo ignorado. Na disputa política e econômica por audiência e poder, Globo e Record transformaram o espaço público da radiodifusão em palco para defesa de interesses privados. É o sujo falando do mal lavado. É o princípio da objetividade jornalística jogado no lixo. É a fotografia mais nítida da privatização das concessões públicas de televisão.


Enquanto houver munição disponível – e a história das duas grandes redes revela que o arsenal ainda é grande –, o telespectador brasileiro seguirá assistindo, no horário nobre da TV, aquilo que os donos de Globo e Record desejam. Tudo em nome da defesa do destino dos recursos dos fiéis, de um lado, e da liberdade de informação e quebra do monopólio, do outro. Ora, Sr. Presidente, a multiplicidade de fontes de informação é fundamental em qualquer democracia. Esta é uma bandeira histórica do movimento pela democratização da mídia. Mas os objetivos desta briga estão longe de ser nobres como aparentam. Basta ver que, quando se trata de transformar efetivamente o sistema de comunicações no Brasil, as duas emissoras estão do mesmo lado para dizer não a qualquer mudança estrutural que passe pelo cumprimento de princípios e critérios públicos para exploração da radiodifusão. Não à toa, Globo e Record – ao lado de outras organizações empresariais – se retiraram da organização da I Conferência Nacional de Comunicação, por entenderem que seus interesses não estariam protegidos no processo.


Mas o povo não é bobo, sras e srs. Deputados. Desta briga televisiva, saberemos filtrar as informações essenciais e verdadeiras para acumular forças no sentido de exigir, nesta Conferência de Comunicação que se aproxima, que o Estado brasileiro atue no sentido de garantir que suas concessões de rádio e TV sejam utilizadas com base no interesse público. Esta é a principal briga que os brasileiros e brasileiras precisam ver.

*Deputado federal do PSOL por São Paulo

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ato do PSOL é reprimido com truculência pelas polícias do Congresso

Manifestantes cobram saída de José Sarney da Presidência do Senado

Uma manifestação pacífica, organizada pelo PSOL, para cobrar a saída de José Sarney da Presidência do Senado terminou em agressões por parte da Polícia Militar e Legislativa e duas prisões de militantes do partido. Com uma faixa “Fora Sarney e todos os corruptos”, os manifestantes subiram na marquise das cúpulas do Congresso e cantaram palavras de ordem, cobrando a renúncia de Sarney e a apuração das denúncias.
Os militantes do PSOL foram retirados da marquise do Congresso. Os seguranças confiscaram a faixa, que depois só foi devolvida com a interferência dos parlamentares do PSOL, deputados Ivan Valente, Chico Alencar e José Nery.
Segundo o presidente do PSOL do Distrito federal, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho, os policiais chegaram sem qualquer forma de diálogo, com cacetetes em punho e os aparelhos que dão choque contra os manifestantes. “Uma polícia sem preparo que agiu com truculência e violência”, disse Toninho, que também foi atingido na mão por um golpe de cacetete. Ele afirmou que vai registrar queixa na Polícia Legislativa e na Civil do DF. “Pode-se roubar no Senado e não se pode pode manifestar”, disse, indignado.
O líder do PSOL, deputado Ivan Valente, também criticou a atitude das polícias e afirmou que a atuação é de responsabilidade do Senado. “A manifestação deveria acontecer dentro do Senado, mas impediram de entrar. Foi feita do lado de fora e duramente reprimida. Os militantes foram duramente agredidos. Repudiamos esse tipo de atitude”.
Para o deputado Chico Alencar, há uma indignação enorme da sociedade brasileira diante das denúncias envolvendo o senador José Sarney e contra sua permanência na Presidência do Senado. “O direito à manifestação é livre. Fui socorrer os manifestantes e recebi um caloroso abraço de um dos seguranças. Há um excesso de zelo ao patrimônio, mas não há o mesmo zelo em relação à postura ética”.
Depois de encerrada a manifestação, dois militantes do PSOL, Rodrigo Pereira, funcionário da Liderança na Câmara, e Isaac da Silva, do gabinete de Chico Alencar, foram detidos pela Polícia Legislativa quando entravam no prédio da Câmara dos Deputados. O argumento dos seguranças foi que eles estavam participando do ato Fora Sarney. Ambos foram colocados dentro do camburão da polícia, sendo que um deles chegou a ser algemado, e levados para a unidade da polícia no Senado. Só foram liberados com a chegada e interferência de Chico Alencar e Ivan Valente. “Foi uma arbitrariedade, que completou a truculência dos seguranças”, disseram.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jogos Olímpicos: a preocupação é que tudo se repita

Eliomar Coelho*
Artigo publicado no Jornal do Brasil em 09/08/2009

Muito se falou do legado que os Jogos Pan-Americanos - 2007 deixariam para a cidade do Rio de Janeiro após o seu término. Por conta dessa promessa, feita pelo ex-prefeito Cesar Maia e pelos dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), os cofres públicos foram abertos sem controle, sem transparência e sem responsabilidade. Baixada a poeira, o saldo que se tem do evento é extremamente triste: zero de legado, denúncias gravíssimas de malversação de verbas e nenhum estímulo ao esporte.

A Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) orçou Os Jogos Pan-Americanos 2007 em torno em cerca de 400 milhões de reais e se gastou dez vezes mais, no mínimo. O Pan do Rio de Janeiro foi o mais caro de toda a história dos jogos e virou caso de polícia. Várias obras e serviços foram realizados sem licitação ou superfaturadas e o tamanho do estrago e os verdadeiros beneficiados estão sendo revelados pouco a pouco pelo Tribunal de Contas da União (TCU), já que a Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por mim solicitada e, apesar de aprovada, foi impedida de realizar os seus trabalhos pelos aliados do prefeito.

Dentre os beneficiados pela farra do Pan 2007, certamente não estão os atletas, nem a população da cidade. Todos os equipamentos construídos foram entregues à iniciativa privada a preço de banana. A Arena Multiuso, por exemplo, foi alugada para a um banco internacional, que, em vez de esportes, realiza espetáculos de toda a natureza. O Engenhão também está com suas pistas de atletismo abandonadas e o Parque Aquático Maria Lenk, cedido ao COB por 20 anos, mantém-se sem nenhuma atividade. Estes equipamentos poderiam estar servindo como fomentadoras de modalidades olímpicas e poderiam se transformar em espaços para a capacitação de professores de educação física ou escolinhas gratuitas para as crianças e jovens.

O Parque Aquático Júlio Delamare, palco do Pólo Aquático no Pan 2007, cuja reforma custou R$ 10 milhões, será demolido para dar lugar a um amplo estacionamento no Maracanã. Este parque é um dos maiores da América Latina, com 18,5 m², piscina olímpica de 25m x 50m, tanque para saltos de 25m x 25m,com profundidade de cinco metros e piscina coberta para aquecimento de 10m x 25m. Os alunos e nadadores que frequentam o parque estão desolados. Outro equipamento que está com os dias contados é o Estádio de Atletismo Célio de Barros. A cada dia o que vemos, portanto, é o desmanche do que foi reformado ou construído para a realização dos Jogos Pan-Americanos. É dinheiro jogado fora de forma irresponsável.

Agora, o Rio encontra-se em plena campanha para abrigar os Jogos Olímpicos de 2016 e o orçamento inicial já está na casa dos R$ 30 bilhões, disparado o maior entre as quatro cidades concorrentes - Rio, Madri, Chicago e Tóquio. Quantos desses bilhões serão destinados para atenuar os graves problemas cariocas, como transporte, habitação e saneamento etc.? O justo legado é quando o dinheiro público é usado para servir aos excluídos dessa cidade, inclusive os seus bravos atletas!

Deixando claro que sou favorável à realização das Olimpíadas de 2016 no Rio, minha preocupação é que o exemplo do Pan 2007, que de exemplar foi somente a atuação do público e esportistas, seja lamentavelmente repetido. Por isso, todo cuidado é pouco. Todos os gastos, caso o Rio saia vitorioso da disputa, têm que se ser fiscalizados com extremo rigor, para que não surjam mais escândalos e denúncias de corrupção.
* Eliomar Coelho é vereador do PSOL no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

PSOL na campanha "Fora, Sarney"

Agenda de Atividades do PSOL na próxima semana.
Campanha "FORA SARNEY"

2ª FEIRA - 10/08/2009 - 12:00 Hs. - Largo da Carioca -
3ª FEIRA - 11/08/2009 - 12:00 Hs. - 7 de Setembro com Rio Branco
4ª FEIRA - 12/08/2009 - 12:00 Hs. - Rio Branco com rua S. José (Buraco do Lume)
5ª FEIRA - 13/08/2009 - 17:00 Hs. - Saída do Metrô para a Rio Branco, no Lgo. da Carioca.

DOMINGO - 16/08/2009 - Caminhada - praia de Copacabana . Concentração às 9:30 Hs e saída às 10:00Hs. no antigo hotel MERIDIEN. (Princesa Isabel x Av. Atlântica)

terça-feira, 21 de julho de 2009

Assassinado líder do Bloco Popular em Honduras

Tegucigalpa, 12 jul. ABN - Ao redor das 8:00 da noite do sábado, 11 de julho, foi assassinado com três disparos o líder do Bloco Popular e da Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, Roger Iván Bados, na cidade nortista de San Pedro Sula.
O coordenador nacional do Bloco e da Frente contra o Golpe de Estado, Juan Baraona, fez a denúncia para a Agencia Bolivariana de Noticias (ABN), por considerar este ato como sicariato.
A versão que se tem é que um homem de bicicleta se aproximou da residência de Bados e lhe endereçou três disparos que lhe causaram a morte.
'Tudo isso é parte do ambiente e da ação de repressão do governo golpista que não vai se cansar de reprimir o povo, porque é a única forma de manter-se no poder, aterrorizando e matando o povo', manifestou.
Ao mesmo tempo, indicou que, como o governo de fato não tem um respaldo popular, 'não lhe resta outra opção que matar os dirigentes, não há outra maneira para que esse governo possa se sustentar'.
Bados era membro do partido de esquerda Unificação Democrática e do Bloco Popular em San Pedro Sula, a uns 250 quilômetros ao norte da capital, e ex-presidente do sindicato de uma empresa de cimento da urbe.
Fonte: Agencia Bolivariana de Noticias

terça-feira, 7 de julho de 2009

Honduras: a resistência contra os golpistas continua

Tegucigalpa, 6 jul. (PL) ─ Milhares de manifestantes retornaram hoje às ruas da capital de Honduras e da cidade de San Pedro Sula para repudiar a repressão do regime golpista e exigir a restituição do presidente constitucional, Manuel Zelaya.
"Apesar da barbárie desatada por este governo fascista, a resistência do povo se mantém firme até o último momento", declarou o dirigente da Confederação Unitária dos Trabalhadores, Israel Salinas.
Na véspera o regime impediu a aterrissagem no aeroporto de Toncontín do avião em que Zelaya retornava ao país, junto com a chanceler Patricia Rodas e o presidente da Assembleia Geral da ONU, Miguel D'Escoto.
As tropas do exército deslocadas para o terminal aéreo reprimiram violentamente milhares de pessoas que esperavam o mandatário e causaram a morte de dois adolescentes e feridas em mais de uma dezena de manifestantes.
Em homenagem às vítimas as organizações populares declararam a jornada de hoje como dia de luto e carregaram um ataúde em sua mobilização à Casa do Governo.
"Assassinos, assassinos", gritavam em coro os manifestantes em frente aos cordões de isolamento colocados pelo exército e pela polícia para impedir-lhes a aproximação do lugar.
Manifestações similares se realizaram em San Pedro Sula, a segunda cidade em importância do país.
"Nossa conduta se mantém inalterável. Temos que continuar nessa luta até que os usurpadores saiam do poder", declarou Erasto Reyes, do Bloco Popular.
Nove dias depois de iniciado o golpe de Estado, o país se encontra semiparalisado e sob um toque de recolher durante o qual centenas de sindicalistas, estudantes, camponeses e representantes de outros setores foram presos.

Fonte: Prensa Latina

terça-feira, 30 de junho de 2009

Lançamento do filme O Resgate da Política


Uma realização dos mandatos Eliomar Coelho, Marcelo Freixo e Chico Alencar, o filme O Resgate da Política, de Fabio Pereira, será lançado no dia 2 de julho no auditório do SINDSPREV, às 18h, Rua Joaquim Silva, 98/A, Lapa. A produção pretende desconstruir a ideia de que todo político é igual e de que política só se faz em época de eleições. Provoca um debate sobre a política institucional, a necessidade de reformas e mostra como educadores, artistas, religiosos, jovens, intelectuais e populares se mobilizam e entendem o seu fazer como um ato político.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Movimentos repudiam governo do Peru

por Camila Marins

Na manhã desta quarta-feira, dia 17, entidades, organizações e movimentos sociais se manifestaram em frente ao Consulado do Peru, no Rio de Janeiro. Os manifestantes se concentraram na frente do prédio e foram recebidos pelo Cônsul-Geral adjunto, Carlos Tavera, que recebeu o documento assinado pelas entidades. Este ato foi uma demonstração de repúdio à violência do Governo Peruano e de solidariedade aos povos indígenas amazônicos deste País. O Cônsul se comprometeu a intermediar o diálogo com a embaixada e a transmitir o documento ao governo peruano. “Lutamos por uma integração justa e democrática da América Latina e todo governo que extrapola e que retira direitos das minorias deve rever sua posição. Por isso, viemos pedir a abertura de diálogo para evitar atos de violência como esse que acontece no Peru”, explicou o advogado e diretor de Direitos Humanos da Casa da América Latina, Modesto da Silveira.
Também esteve presente o presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Jefferson Moura. Ele afirmou que é fundamental a solidariedade das organizações de esquerda. “Esta é uma luta que vai além, uma luta pela resistência latino-americana. Somos companheiros de luta de uma mesma causa. O PSOL se solidariza e se une à voz dos povos do mundo para condenar o massacre dos nossos irmãos indígenas peruanos”.
Há pelos dois meses, os campesinos estão sofrendo forte repressão do governo peruano, enquanto as forças conservadoras encasteladas querem incluir as regiões de “desenvolvimento sustentado” no Tratado de Livre Comércio (TLC), aprovado via decreto, sob exigência dos EUA. Desde então, a perseguição às lideranças indígenas aumentou.
A intransigência do governo Alan García, em aliança com setores mais retrógrados e conservadores, tem fechado as portas para o diálogo e aberto o caminho para o genocídio. Este massacre coloca na ordem do dia, em particular aos povos pan amazônicos, a solidariedade e a coordenação da luta pela defesa da maior área de biodiversidade e reservas aqüíferas de todo o planeta.
Solidária à causa, a Casa da América Latina em conjunto com outras entidades promoveu o Ato de Repúdio ao Presidente do Peru, Alan García. “Esse gesto feito por brasileiros internacionalistas demonstra a importância da integração dos movimentos sociais e progressistas da América Latina e, certamente, tem efeito multiplicador. É bom lembrar que o Peru é um dos únicos dois países com governos de direita, além dele, temos a Colômbia, enquanto podemos considerar os demais governos como progressistas ou de esquerda. Essa luta estreita as relações com os países e orienta a unidade dos movimentos contra o imperialismo”, disse Ivan Pinheiro, vice-presidente da Casa da América Latina.
Estiveram presentes ao ato: IPDH; João Luiz Pinaud-RAMA-RJ; MST; CECAC; FIST; PSOL; PCB; Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro; Pastor Mozart Noronha- Pastor Luterano; Modesto da Silveira- Dirigente nas Causas dos Direitos Humanos; MT; CENTRO CULTURAL JOSE MARTÍ; COMITÊ DE SOLIDARIEDADE AO POVO DA PALESTINA; Coletivo de Mulheres Ama Montenegro; UJC.

Solidariedade aos povos indígenas amazônicos do Peru

No dia 5 de junho, dia Mundial do Meio-Ambiente, o governo de Alan Garcia desencadeou um brutal massacre na cidade de Bagua, na Amazônia peruana, matando mais de 30 indígenas. Há três meses os povos indígenas se mobilizam contra os decretos do governo peruano que colocou a venda a Amazônia permitindo uma exploração arbitrária de minerais e petróleo. Isto faz parte do acordo de livre comércio que o governo peruano realizou com os Estados Unidos.
A intransigência do governo de Alan Garcia, em aliança com os setores mais retrógrados tem fechado as portas para o diálogo e aberto o caminho do genocídio, não escutando inclusive instituições nacionais como a Defensoria Pública, que comprovou a inconstitucionalida de dos decretos legislativos emitidos para implementar o Tratado de Livre-Comércio com os EUA.
O PSOL se solidariza e se une à voz dos povos do mundo para condenar a massacre de nossos irmãos indígenas peruanos, por parte das forças policiais do governo lacaio do imperialismo, reacionário, fascista do Alan Garcia. Defendemos o fim das perseguições ao líder indígena Alberto Pizango - líder da AIDSEP - Agencia Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana.
Este massacre feito com toda premeditação teve a intenção de calar as vozes que protestam e pressionam pela anulação dos nove decretos, assinados no marco do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, para entregar os bosques, água, hidrocarbonetos e todos os recursos naturais da Amazônia às transnacionais. Este massacre coloca na ordem do dia, em particular aos povos pan amazônicos a solidariedade e coordenação da luta para a defesa da maior área de biodiversidade e reservas aqüíferas de todo o planeta.
O PSOL se solidariza e se une à voz dos povos do mundo para condenar a massacre de nossos irmãos indígenas peruanos por parte das forças policiais do governo de Alan García. Exigimos o fim do toque de recolher e do estado de emergência em vigor em quase toda a selva peruana.
O PSOL se soma as vozes internacionais e se soma ao dia 11 de junho, data fixada pela Coordenadora Andina de Organizações Indígenas como dia de manifestações contra este massacre, atos públicos de repúdio em nosso país.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Hoje acontece segundo debate das teses para Congresso

Quinta-feira passada, dia 04/06, aconteceu o primeiro debate das teses para o Congresso Nacional do PSOL. As teses apresentadas foram “Postular o PSOL como Alternativa para Disputar Influência de Massa”, “Novos Tempos para o PSOL”, “Em Defesa do PSOL Democrático, Classista e de Combate” e “Um Partido Militante para um Brasil dos Trabalhadores e Socialista”. No site do Partido (www.psolrj.org.br), estão disponíveis links para parte das apresentações de cada tese.
Hoje, terça-feira, dia 09/06 às 18h, no Sindsprev (Rua Joaquim Silva, 98 - Lapa) serão debatidas as outras teses: “Construir o Poder Popular em Direção ao Socialismo e à Liberdade”, “Possibilidades do PSOL nos Desafios por um Novo Brasil”, “Uma Alternativa Popular, Ecológica e Socialista para o Brasil” e “Colocar o Socialismo na Ordem do Dia”.
Participe, ajudando a construir nosso partido! Leia as teses em www.psol.org.br e compareça!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Site do Congresso do PSOL está no ar

Já está no ar o site do 2º Congresso Nacional do nosso partido. Este espaço foi criado para manter a militância informada sobre o evento, garantindo informações sobre a realização das plenárias municipais, dos congressos estaduais e de outras atividades ligadas ao Congresso.
Para acompanhar todas as informações basta acessar: www.congresso.psol.org.br

Site do Congresso do PSOL está no ar

Já está no ar o site do 2º Congresso Nacional do nosso partido. Este espaço foi criado para manter a militância informada sobre o evento, garantindo informações sobre a realização das plenárias municipais, dos congressos estaduais e de outras atividades ligadas ao Congresso.
Para acompanhar todas as informações basta acessar: www.congresso.psol.org.br

terça-feira, 26 de maio de 2009

Pescadores em defesa do trabalho e do meio ambiente

Os pescadores da Praia de Mauá/Magé, organizados no Grupo Homens do Mar da Baía de Guanabara, realizarão um ato em frente à Petrobrás (Av. Chile) nesta quarta-feira, dia 27/05, às 11h30.

Objetivo:

O objetivo do ato é cobrar da Petrobrás a responsabilidade social com os pescadores que estão sofrendo o impacto social, econômico e ambiental, causado pelas obras do Pólo Petroquímico (Projeto do PAC), na Baía de Guanabara.

Histórico:

A implantação do Projeto GLP, parte do Projeto do Pólo Petroquímico, está causando diversos impactos sócio-econômicos e ambientais na Baía de Guanabara, principalmente sobre os Pescadores, alguns com suas atividades totalmente inviabilizadas.

Pela falta de diálogo e proposta alternativa por parte da Petrobrás, os pescadores organizados no Grupo Homens do Mar iniciaram um processo de mobilização pelo direito ao trabalho e em defesa do meio ambiente, cobrando a responsabilidade social da empresa. A mobilização consistia em parar a obra de um gasoduto, que está sendo executada pela empresa GDK/Oceanic, realizada na Praia de Mauá no local de pesca, inviabilizando totalmente a atividade.

Durante a mobilização se iniciou um forte processo de ameaças. No dia 1º de maio uma das lideranças – o presidente da Associação – sofreu um atentado de quatro disparos de arma de fogo contra sua embarcação.

Operações do GAM (Grupo Aero Marítimo da Polícia Militar) contra a mobilização foram constantes até que, no dia 14/05, sem ordem judicial e de forma absolutamente violenta, o GAM reprimiu a mobilização pacífica dos pescadores, detendo três deles e apreendendo quatro embarcações de forma completamente arbitrária.

Por conta de denúncias sistematicamente feitas pelos pescadores, as Secretarias Municipais de Meio Ambiente e da Fazenda, a prefeitura de Magé e o Conselho Municipal de Meio Ambiente da cidade vistoriaram o canteiro de obras do GLP e o interditaram, devido à ocorrência de mais de 42 itens de irregularidades, havendo dúvidas, inclusive, acerca do processo de licenciamento do empreendimento.

Na madrugada do mesmo dia da interdição das obras, dia 22 de maio (sexta-feira), por volta das 23h, três homens com armas pesadas entraram na casa do tesoureiro da Associação dos Homens do Mar (AHOMAR). O pescador, que já se encontrava deitado, foi levado para a sala de sua casa, onde foi brutalmente espancado. Então, os três homens o levaram para fora de casa e o assassinaram com cinco tiros na cabeça. Os assassinos deixaram o corpo e saíram num carro, cuja placa estava ocultada por um plástico preto.

O projeto GLP, um dos projetos do PAC na Baía de Guanabara, tem impactado o meio ambiente e inviabilizado a atividade de pesca artesanal, principal forma de sustento de cerca de 3.000 pescadores. Por isso os pescadores estão na luta em defesa do trabalho e do meio-ambiente.

Participe desta Luta pelo Direito ao Trabalho e em Defesa do Meio Ambiente!

Fonte: Agência Petroleira de Notícias

domingo, 10 de maio de 2009

Nota do Núcleo PSOL UERJ/Maracanã

O PSOL é uma aposta da esquerda brasileira, porém, certos acontecimentos influenciam negativamente o futuro e os rumos do partido. Vemos setores na direção do partido pautando a luta contra a corrupção como o norte da política partidária. No entanto, as críticas à corrupção não podem estar no centro do debate político, ainda mais se o partido tem a intenção de ser uma alternativa estratégica ao quadro político atual.

O dia 2 de abril foi sintomático deste equívoco. O ato foi uma forma de construir o delegado Protógenes como figura pública. Para isso foram utilizados recursos da fundação Lauro Campos. A publicidade deste ato foi intensa (carros de som, banners, outdoors). Porém, qual o seu acordo programático com as linhas do partido? Em que instâncias partidárias isto foi discutido?

É válido que o PSOL se solidarize para com o mesmo, mas não faz sentido construí-lo como uma figura heróica. Além disso, o delegado tem declarações que vão de encontro com diversas frentes de atuação do partido, notadamente as de direitos humanos. Numa recente entrevista, o delegado afirma que as leis processuais no Brasil favorecem os bandidos. Frases como esta só servem para aumentar a criminalização da pobreza, uma vez que os principais alvos das agências penais são os mais desfavorecidos, de modo que leis mais duras (e as nossas já são) significam leis mais duras para os pobres.

O PSOL tem sido partícipe de diversas frentes políticas interessantes que conseguem dialogar com os movimentos sociais e produzir estratégias de enfrentamento ao capital, bem como esboçam um projeto emancipatório de sociedade, mas tais experiências são colocadas em segundo plano quando o assunto é corrupção. Isso é inaceitável! Esta postura seqüestra a política real, faz com que a atuação do partido se volte para as intrigas palacianas, não conseguindo dialogar de forma concreta com os sujeitos históricos que deveriam ser os destinatários das políticas propostas pelo PSOL.

A luta contra a corrupção pode ter sim um aspecto anticapitalista (já que o sistema político vigente não pode funcionar sem a sonegação de impostos, evasão de divisas e a compra de autoridades), mas a esquerda não pode somente ficar na posição de criticar as mazelas, mas sim propor alternativas e intervir concretamente na realidade. Nós não somos simplesmente um partido de homens e mulheres de bem, somos um partido de socialistas, que lutam pelo governo dos trabalhadores.

Devemos aproveitar o período de debates para o II Congresso do PSOL para discutir os focos do partido e construir um partido militante como instrumento das lutas dos trabalhadores.

Rio de Janeiro, 10 de Maio de 2009

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Deputado Marcelo Freixo debate milícias na UERJ

Atividade organizada pelo DCE da UERJ e pelo Movimento “Direito para quem?” discute relatório da CPI das milícias presidida por Marcelo Freixo na Alerj

“O debate sobre as milícias finalmente foi colocado em pauta no Rio de Janeiro. A sociedade demorou a despertar para esse fenômeno que, quando surgiu, há cerca de oito anos, chegou a ser tratado com benevolência por algumas autoridades. Em uma defesa ideológica totalmente inadequada, alegou-se que as milícias representam um “mal menor” e que, diante da falta de policiamento e da precariedade da segurança pública, a ação desses grupos seria preferível ao poder dos narcotraficantes.

A realidade das milícias é bem distinta. Seus membros são agentes públicos que afirmam seu poder alegando ser representantes da lei. Introjetam a figura do xerife, valorizando a ostentação da carteira funcional, do distintivo e da arma oficial. Mesmo em plena atividade criminosa, se apresentam como integrantes do Estado, tirando proveito de apelos morais como o fim das drogas, das badernas, dos assaltos e dos roubos. E, em troca dessa suposta tranqüilidade, impõem um preço. As milícias exercem seu domínio para extorquir dinheiro diretamente dos moradores. A idéia é: “Eu te protejo de mim mesmo”. Ou seja, o meio de persuasão é a capacidade de terror que a própria milícia produz.

As leis estabelecidas em lugares onde o Estado – que deveria determinar as regras cotidianas das pessoas que ali vivem – se mostra ausente não são as que estão na Constituição ou que são votadas na Assembléia Legislativa. O “tribunal” que julga os conflitos ocorridos nesses espaços urbanos nada tem a ver com o Judiciário. Na mesma lógica, a presença de grupos armados ilegais faz com que o uso da força deixe de ser exclusividade do poder público.”

MILÍCIAS: Segurança Pública em DebateEXPOSIÇÃO DO RELATÓRIO DA CPI DAS MILÍCIAS

Convidados:
MARCELO FREIXO (Historiador e Presidente da CPI das Milícias da ALERJ)
VINÍCIUS GEORGE (Delegado de Polícia)

Data: 07/05 (Quinta-Feira)
Local: Auditório 91 – 9º andar - UERJ
Horário: 19 Horas

Organização:
DCE UERJ - Gestão “Nada Será Como Antes”
Movimento “Direito Para Quem?”

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Passeata contra empresa poluidora marca 1º de maio no Rio

Fonte: Agência Petroleira de Notícias

Com muita criatividade e energia, os movimentos sociais do Rio de Janeiro celebraram o Dia do Trabalhador com um ato contra a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), na Zona Oeste do Rio. Os mais de mil participantes do ato denunciaram os fortes impactos econômicos, sociais, ambientais e culturais conseqüentes do mega empreendimento instalado na Baía de Sepetiba. Ameaça a população, ataque ao ecossistema local e falta condições dignas de trabalho motivaram a escolha da empresa como símbolo da resistência dos trabalhadores contra o sistema capitalista.

Ônibus do Centro do Rio, de Niterói e outros locais, além dos moradores da zona oeste do Rio se concentraram na praça em frente ao Hospital Pedro II, em Santa Cruz. Depois de apresentações teatrais sobre as atrocidades cometidas pela TKCSA e algumas falações a passeata partiu em direção à Sepetiba. Ao longo do caminho os manifestantes entregaram um jornal do 1º de maio, com textos sobre a crise e os danos causados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico. A aceitação do material foi muito boa. Os moradores da região se penduravam nas janelas, amontoavam-se nas portas e até acenavam para a passeata como se assistissem a um desfile.

População recebe manifestação com entusiasmo

Ao chegar à portaria 2 da CSA, na Rua João XXIII, por volta de meio-dia, os manifestantes pressionaram os portões da companhia ameaçando uma possível entrada. O elevado número de seguranças particulares somado ao reforço da polícia militar, porém, inviabilizaram uma ação mais contundente de ocupação. As entidades e organizações populares que constroem a Plenária dos Movimentos Sociais, responsável pela manifestação, foram unânimes em exaltar o sucesso da atividade.

- Ver o interesse da comunidade em nossa manifestação, mostrar nossa solidariedade de classe e conscientizar esse povo da zona oeste da exploração a que estão sendo submetidos é a melhor forma de resgatar o sentido do 1º de maio. Não podemos esquecer que essa data tem origem no assassinato de trabalhadores porque seus patrões não queriam negociar a redução da jornada de trabalho para oito horas, durante uma greve em Chicago, nos EUA, em 1886 – relembra o bancário Vinicius Codeço, coordenador da Intersindical.

Além das centrais sindicais e outras entidades de trabalhadores, a manifestação contou com a participação de movimentos comunitários, estudantis, ambientais, entre tantos outros.

- Estamos felizes por retomar o 1º de maio como um dia de luta dos trabalhadores e não uma festa, um feriado qualquer. Viemos até Santa Cruz, assim como estaremos em todos os lugares, para mostrar que a sociedade não irá aceitar de forma inerte todos os ataques da CSA. Esse projeto é só um símbolo para mostrarmos que os trabalhadores irão se unir e não aceitaremos pagar a conta pela crise global – afirma o petroleiro Emanuel Cancella, coordenador do Sindipetro-RJ, filiado à CUT.

Por dentro do projeto TKCSA

A primeira indústria da programada para a região é a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA). O projeto tem 10% das suas ações votantes nas mãos da VALE (CVRD) e outros 90% com a empresa alemã Thyssen Krupp Steel. No total, estão programadas cinco indústrias siderúrgicas e oito portos privados. Todos esses empreendimentos contam com o apoio econômico e político dos governos . O poder executivo municipal, estadual e federal garantem isenção de impostos e financiamento direto, principalmente através do BNDES. Desrespeito à legislação brasileira, desmatamento, poluição, falsas promessas de empregos, relação com milícias e diversos riscos à saúde são apenas algumas das denúncias que pairam sobre o negócio.

www.apn.org.br

quarta-feira, 29 de abril de 2009

1º de Maio: Os trabalhadores não pagarão pela crise!

1º de Maio não é dia de descanso. É dia de luta. Assim como aqueles que, em 1886, morreram lutando pela redução da jornada de trabalho para 8 horas, nesse dia, no mundo inteiro, lutamos contra patrões e governos que atacam os trabalhadores. Por melhores condições de vida e de trabalho. Por uma sociedade justa, livre e igualitária. Por um mundo em que a vida e os recursos naturais não sejam mercadorias. Em que os povos e o planeta não sejam destruídos em nome dos lucros.

Neste momento, em que o capitalismo atravessa uma grave crise, os patrões e governos, com o apoio dos jornais e da televisão, tentam enganar o povo e explorar ainda mais os trabalhadores. Bancos e empresas se apoderam do dinheiro público que deveria ir para a saúde, educação e moradia. A crise serve como desculpa para demissões massivas, corte de direitos, redução de salários, destruição ainda maior da natureza. Com ela, avança ainda mais a criminalização dos pobres e dos que lutam e resistem.

O governo Lula enche os bolsos dos empresários enquanto corta gastos sociais e suspende concursos públicos e reajustes nos salários. Sérgio Cabral e Eduardo Paes privatizam os serviços públicos e tratam o povo trabalhador como criminoso. Reprimem com violência os que trabalham como ambulantes e os moradores de rua, despejam famílias, derrubam suas casas e assassinam o povo pobre nas comunidades.

Todos juntos – trabalhadores formais, informais, desempregados, aposentados, jovens, homens e mulheres - devemos lutar, não para resolver a crise dos patrões, mas para garantir nossa sobrevivência digna. Os trabalhadores não pagarão pela crise!

- Por emprego, salário digno, moradia, terra e direitos sociais.

- Pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

- Pela estatização dos recursos naturais, sob controle dos trabalhadores e suas famílias.

- Pela estatização, sob controle dos trabalhadores, do sistema financeiro, dos serviços urbanos e das empresas que exploram nossos recursos naturais.

- Contra o repasse de recursos públicos para os capitalistas e transnacionais e contra o pagamento da dívida pública.

- Contra a criminalização dos pobres e dos movimentos sociais.

- Por saúde, transporte e educação pública de qualidade.


Todos ao ato unificado do 1º de maio de luta, em Santa Cruz!

Concentração: no Centro, às 7h30min, na Candelária e em Santa Cruz, às 9h, em frente ao Hospital Pedro II – perto da estação de trem – Santa Cruz

Informações: pmsociais@gmail.com (http://pmsrj.blogspot.com/) ou forumbaiasepetiba@ig.com.br

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ato contra a Feira da Morte e o Fórum da Miséria reúne movimentos sociais no RioCentro

Fonte: Agência Petroleira de Notícias e Jornal Surgente
Veja fotografias da atividade em www.apn.org.br

Comerciantes da guerra, da repressão, da tortura e do massacre em todo o mundo foram recebidos na terça-feira (14), no Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, por um grupo de ativistas dos movimentos sociais que protestavam contra a violência no mundo. O fato do Brasil servir de local para realização da Feira de Armamentos Latin America Aerospace and Defence – LAAD revoltou sindicatos, organizações populares, intelectuais, artistas e partidos políticos da esquerda. Entre os participantes do evento estão empresas que se beneficiam do consumo de armas e munições pelas forças militares israelenses e do uso da Cisjordânia e da Faixa de Gaza como terrenos de teste para novos equipamentos e tecnologias militares.

O protesto também foi dirigido aos participantes do Fórum Econômico Mundial que acontece até sexta-feira (17) no Hotel Intercontinental reunindo autoridades responsáveis pela política econômica que produz uma das maiores crises mundiais desde 1929, com o crescimento do desemprego, da fome e da miséria em todo o planeta.

Feira da Morte – O ato, organizado pela Plenária dos Movimentos Sociais, Comitê do Rio de Janeiro de Solidariedade à Luta do Povo Palestino e pelo músico Marcelo Yuka, contou com apoio e participação de partidos políticos, mandatos parlamentares, centrais sindicais, diretórios estudantis e outras organizações populares. O MC Leonardo, do Movimento APAFunk, cantou raps e funks das antigas com letras críticas à violência e a criminalização da pobreza.

"Nós representamos a indignação da sociedade contra o comércio da morte que esses homens estão fazendo lá dentro" - comenta Marcelo Yuka, ex-baterista do grupo "O Rappa", que ficou paraplégico ao ser baleado após assalto

Durante aproximadamente duas horas, os manifestantes ocuparam a entrada do Riocentro distribuindo armas e balas de brinquedo para quem chegava à chamada “Feira da Morte”. Alguns estavam fantasiados de morte. As grades do Riocentro também foram ocupadas com faixas e cartazes dos milhares de mortos na Palestina.

Evento lucra com a guerra - A LAAD 2009 (Latin America Aerospace and Defence), a maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina, reúne bienalmente empresas brasileiras e internacionais especializadas no fornecimento de equipamentos e serviços para as três Forças Armadas, forças especiais, serviços de segurança, consultores e agências governamentais. A feira, promovida há 12 anos, conta nessa edição com cerca de 300 expositores, de mais de 30 países, ocupando 5.252 m2 de superfície.

No rol dos expositores figuram quatro fábricas de Israel, segundo denúncia do Comitê do Rio de Janeiro de Solidariedade à Luta do Povo Palestino. A ELBIT SYSTEMS GROUP, grupo privado, envolvido na construção de um dos trechos do Muro do Apartheid, na Cisjordânia. Ainda fornece ao Exército sionista, entre outros equipamentos, os veículos aéreos não-tripulados, manipulados por controle remoto, conhecidos como Drones. Cerca de 100 palestinos morreram por ação desse artefato na recente operação Chumbo Derretido. É muito utilizado nos assassinatos seletivos de lideranças da Resistência Palestina. Um contrato assinado com a Embraer, em novembro de 2008, rendeu-lhe U$ 187 milhões. Participam do negócio a eroeletrônica, sua subsidiária em Porto Alegre, e a Elisra Electronic Systems. A RAFAEL ADVANCED DEFENCE SYSTEMS é estatal. Fornece mísseis, sistemas de mira e tecnologia para os tanques israelenses. A ISRAEL MILITARY INDUSTRIES (IMI), outra estatal, além de munição para infantaria, aviação e tanques, produz chapas blindadas para a escavadeira Caterpillar D-9, usada na demolição de residências palestinas para dar lugar às colônias israelitas. A ISRAEL AEROSPACE INDUSTRIES (IAI), grupo privado, é a principal indústria aeronáutica de Israel. Também produz sistemas terrestres, navais e aeroespaciais. Em 5 de abril, anunciou que estabelecerá uma parceria com o grupo colombiano Synergy para atuar no Brasil, onde pretende vender Drones, sistemas, etc.

Para se ter uma dimensão dos debates e negócios desenvolvidos, basta citar que um dos palestrantes convidados do evento é o estadunidense John R. Zellers, gerente de Programa para a Faculdade do Centro de Catalogação da OTAN, responsável por programas de treinamento e aconselhamento a países alvos da invasão imperialista dos EUA como Afeganistão, Iraque, Bósnia-Herzegóvina, Filipinas e Oman.

Governo brasileiro apóia evento - Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, nesta segunda, 13 de abril, Nelson Jobim, ministro da Defesa do Governo Lula, rotula a Laad como a maior e mais importante feira de defesa e segurança da América Latina e enfatiza: "A indústria brasileira estará presente com mais força que nos eventos anteriores".

Primeiro de Maio – A Plenária dos Movimentos Sociais, que articulou o ato contra a feira da morte, se reúne nesta sexta (17), às 18h30, no Sindipetro-RJ, para organizar as manifestações para o primeiro de maio, dia do trabalho, em especial, o ato contra a Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA).


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