quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

700 mil marcham nas ruas de Roma

Protestos crescem na Itália
À medida que a crise económica e social se agrava, cresce a contestação social às políticas de direita do governo de Silvio Berlusconi

Cerca de 700 mil trabalhadores italianos desfilaram, dia 13 em Roma, sob a palavra de ordem «Unidos contra a crise». A grande manifestação convocada pela CGIL, a maior central sindical do país, juntou funcionários públicos, em greve nacional nesse dia, e o sector da metalomecânica, designadamente da indústria automóvel abalada por uma das maiores crises de sempre.
Ao protesto juntaram-se estudantes universitários, médicos, desempregados, a generalidade dos partidos da oposição e ainda alguns representantes do Partido Democrático (PD), embora o seu líder, Walter Veltroni, se tenha limitado a manifestar solidariedade.
Na véspera, vários milhares de manifestantes convocados pelo PD haviam condenado as intenções do governo de proceder a uma revisão da Constituição. Na semana anterior, Berlusconi afirmara que o Texto aprovado em 1947 havia sido escrito há muitos anos sob a influência do fim de uma ditadura e de forças ideológicas que tomaram por modelo a constituição soviética.

Miséria alastra

Porém, ao longo das mais de oito horas que durou a manifestação de sexta-feira, 13, foram as consequências sociais devastadoras da crise económica que estiveram no centro dos protestos e dos discursos.
A rápida deterioração das condições de vida dos italianos é reflectida pelos números do Instituto Nacional de Estatística (ISTAT): 5,3 por cento da população tem dificuldades em comprar alimentação; 11 por cento não tem capacidade para fazer face a despesas em caso de doença; 17 por cento não pode comprar vestuário, 8,8 por cento tem pagamentos em atraso; 3,7 por cento está em risco de perder a habitação por incumprimento das prestações.
Os números da economia também não são animadores. O ano que terminou ficou marcado pela maior recessão dos últimos 20 anos. No quarto trimestre, a economia retrocedeu -1,2 por cento em relação ao trimestre anterior, elevando a quebra anual para -2,6 por cento. A produção industrial caiu -2,5 por cento em Dezembro.
Na fábrica do grupo Fiat de Pomigliano d'Arco, nos arredores de Nápoles, desde Setembro que os operários estão em situação de «desemprego técnico». Na prática, a unidade que fabrica os potentes Alfa Romeo, tem grande parte da laboração suspensa e impõe a paragem forçada ao efectivo, reduzindo para cerca de 60 por cento os respectivos salários.
A contrastar com o cenário de depressão económica que afecta a generalidade dos sectores, algumas prestigiadas marcas de luxo continuam a progredir. No passado dia 10, o construtor de super-carros Ferrari, revelou ter registado em 2008 uma facturação recorde com a venda de 6587 veículos. De igual forma, o estaleiro naval Modelart di Itri não tem falta de encomendas para os grandes iates com mais de 50 metros, nos quais concentra agora a sua actividade, já que as embarcações pequenas não encontram comprador.
Recusando ser as grandes vítimas da crise, os trabalhadores italianos voltam à rua no próximo dia 4 de Abril, desta vez para encher o Circo Máximo de Roma.
Fonte: http://www.avante.pt

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Debate sobre os Levantes na Grécia


























O assassinato de um jovem pela polícia grega detonou uma onda de levantes que se espalhou por toda a Grécia em dezembro de 2008. Às manifestações se juntaram os trabalhadores que já haviam realizado 4 greves gerais no mesmo ano.

A força da luta do povo grego contagiou milhares de militantes de diversas partes do planeta, numa clara demonstração de que frente à exploração e ao extermínio praticado pelos donos do poder nos bairros pobres de Atenas, nos guetos de Nova Iorque, nas favelas e periferias brasileiras é necessária uma resposta só: a organização e a luta para construir uma alternativa socialista.

Convidamos o militante socialista Nikos Anastasiadis para relatar os eventos e debater as alternativas políticas hoje. Ele é membro da coordenação nacional do partido Syriza. Esse partido, tal como PSOL, é uma iniciativa recente que busca a unidade dos socialistas.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Gestão capitalista versus gestão socialista da crise

por Afrânio Boppré*, publicado no site da Fundação Lauro Campos

A crise está posta e é resultado da natureza do capital. A ninguém é facultada a escolha contra ou a favor da crise. Seria o mesmo que querer contrariar ou apoiar a existência da noite ou do dia; da vida ou da morte, por exemplos. A crise é inerente ao capital em sua fase madura (início do sec. XIX) e qualquer luta para erradicá-la e ser conseqüente tem que ser uma luta contra o capital além de voltada para a sua superação, ou seja, de combate à sua gênese e de caráter socialista. Em outras palavras, a crise está contida no DNA do capital e o socialismo como superação também. Se a crise é manifestação (febre), extirpá-la por vez, implica em eliminar a verdadeira causa, caso contrário, enquanto houver capital haverá sempre crises. Por isso afirmamos que somente os socialistas assumem a dimensão propositiva plena perante a crise.

Antes de prosseguir é necessário um ajuste. O parágrafo acima pode sugerir que estaríamos afirmando que o que justifica a posição dos socialistas contra o capital e seu regime, seria um suposto sentido negativo das crises. Decerto que não. A crise apenas oferece uma conjuntura mais favorável para debater a essência do modo de produção capitalista e a sua indispensável e urgente superação. O capital ameaça a própria humanidade em qualquer de seus estágios, seja o de ascensão, apogeu, declínio ou crise. Nosso objetivo enquanto socialistas não é o de suprimir a crise e sim superar o capital.

No entanto não pretendemos ser principistas. Há uma imensidão universal de variações sobre o possível desdobrar e desfecho da crise, mas sempre circunscrita às hipóteses: revigoramento do capital ou socialismo. Variáveis econômicas, territoriais, políticas, culturais, sociais, ideológicas, ambientais atuam de maneira a definir os rumos da crise e do próprio capital. A crise não é monocausal e seu desfecho não é linear. Ela é viva e move-se. Por ser complexa, traz consigo brechas e possibilidades para margens de manuseio, manobra. Daí redundar o fato de a mesma ser gerenciável. Sendo assim, é bom lembrar que nenhuma gestão é neutra, pelo contrário, exige objetivos e atores sociais que operam sua gestão.

Um primeiro grupo de gestores reúne aqueles que assumem como objetivo maior proteger o capital da crise e para isso emprestam-lhe todo tipo de socorro. As primeiras ações são para apagar o incêndio, recuperar a paz perdida, retomar a confiança. Quando fracassados neste movimento inicial, o passo seguinte é hierarquizar a ordem de prejuízos. Uma luta visceral se desencadeia. O conflito assume múltiplas formas: capital versus trabalho; capital versus capital e trabalho versus trabalho. O Estado é levado ao centro do conflito e faz escolhas comprometidas com a hegemonia dominante.

Para os que assumem como objetivo gerir a crise a favor do capital há expectativas de contornar as conseqüências e seqüelas da crise, minorar seus efeitos. No entanto, jamais se desfazerão da possibilidade real de sua existência. Nutrem apenas a possibilidade de “driblar” a turbulência e a ela sobreviver.

A sobrevivência do capital se dá por meio de mais expansão, acumulação ampliada, centralização e concentração do capital. É da natureza do modo de produção capitalista ofertar riqueza em quantidades sempre maiores que a demanda. Esta situação implica em não conseguir viabilizar eternamente a realização do capital. A saída encontrada para sair desta situação, é levar o capital ao seu limite, acirrando e somando contradições. Ou seja, o capital exige a criação de mais capital, armando para o período subseqüente a possibilidade de crises mais agudas, profundas e em intervalo de tempo menor. As dinâmicas de centralização e concentração de capital reduzem as margens de autonomia regionais, nacionais ou setoriais para gerenciar a crise. Cada vez mais o capital e sua crise alcançam uma dimensão social maior. Uma amplitude mundializada. Estas são tendências gerais.

Já um segundo grupo tem como objetivo proteger a vida dos homens e do planeta. O socialismo é uma resposta como idealidade teológica, mas, no entanto, há uma enorme distância que precisa ser trilhada para transformá-lo em realidade. A crise deve ser concebida como uma dinâmica de gestão cujo objetivo é o socialismo. Em outras palavras, a crise cria uma oportunidade para a transição. O centro das ações não é o de viabilizar a realização do capital, desobstruir as artérias para facilitar a autovalorização-do-valor. Uma nova sociedade baseada numa profunda e radical redefinição de objetivos iniciaria a ser gestada. A função do Estado; a economia focada na reprodução de nossas vidas com respeito ao meio ambiente; valores antiracistas, contra o sexismo e a homofobia por exemplos; a igualdade social como objetivo etc. são novas premissas para reassentar a humanidade.

A resposta para o grave momento que a humanidade vive está condicionada a uma opção de classe. Os interesses entre capital e trabalho são antagônicos e irreconciliáveis, é o que diz a tradição marxista. No momento de crise os antagonismos se acentuam e a conciliação cada vez mais impedida fica. Nosso desafio é o de fazer da crise uma estratégia para acumular forças em favor da luta socialista. E se baseia na socialização da gestão da vida dos homens e do planeta em detrimento da gestão privada, individual.

O que a atual crise tem demonstrado é ser um fenômeno que envolve a todos indiscriminadamente, e por isso, ela mesma abre uma disputa sobre sua gestão. Os interesses individuais, locais, estão dando lugar aos interesses sociais, públicos, comum. A crise atual evidencia que o avanço da humanidade só pode ocorrer com ações dos homens conscientes, cuja base é a impossibilidade de se deixar a dinâmica da humanidade ao sabor dos capitalistas privados na busca incansável pelo lucro.

As novas regulamentações mundiais terão que suplantar o egoísmo individual dos capitalistas e estruturar-se sobre a preservação da vida humana e do planeta, independentemente de raça, religião, ideologia, nacionalidade, etc. Esse é o caminho da gestão da crise pelos socialistas, a luta pelo bem comum, e não a perpetuação do capital.

Se os capitalistas já não conseguem mais gerir a produção material da vida dos homens e do planeta sem que os destruam, os socialistas devem fazê-lo coletivamente através da gestão coletiva das unidades econômicas. A crise nos aponta empiricamente esse caminho, para além da teoria. É, pois, hora de lutar pelo avanço da gestão comum de nossas vidas. Esse é o desafio para os socialistas.


Afrânio Boppré é economista, professor e membro da Executiva Nacional do PSOL

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O encontro dos povos

por Chico Alencar*, publicado no jornal O Dia (11/02/2009)
O Fórum Social Mundial, reunido pela nona vez, contou com 92 mil participantes e 5.716 delegações vindas de 145 países, 75% delas da América Latina. O encontro – com mais de 1.400 debates e atividades culturais –, em Belém (PA), aproximou os participantes da biodiversidade amazônica, com suas 100 mil espécies de flora e fauna ameaçadas pelo desmatamento. No ritmo atual, ele corresponderá, ao fim da terceira década deste século, ao território de 32 Bélgicas. Um verdadeiro “ecocídio”!

Habitada há pelo menos 40 mil anos, a Amazônia fornece 20% das águas dos oceanos, mas seus povos originários continuam sendo dizimados cultural e materialmente, e a privatização dos recursos hídricos pode fazer da floresta um deserto. O cultivo da soja cresceu 18% e os lençóis freáticos estão mais vulneráveis.

O Fórum Social Mundial é contraponto ao Fórum Econômico de Davos, que também acaba de acontecer, nos Alpes suíços. Ali, os ricos e poderosos do mundo discutiram “como salvar o capitalismo de si mesmo”, proclamando um “modo de sobrevivência” mais austero. Na prática, o alto empresariado e seus governantes amigos continuaram consumindo, no convescote, vinhos ao custo de R$ 4 mil a garrafa... Terão sensibilidade para com as vítimas da crise?

Num mundo que está jogando no desemprego 80 mil trabalhadores por dia, o Fórum Social não teve dúvidas em condenar o sistema do lucro e do mercado total, clamando por uma nova sociedade possível e necessária. Ela estará fundada na cooperação e não na competição, na justa distribuição e não na acumulação de poucos, no cuidado com o planeta e não na sua exploração, na atuação do poder público e não no livre negócio, no trabalho e não no capital.
* Professor de História e deputado federal (PSOL-RJ)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Reunião hoje!

Lembrando:

Reunião do núcleo PSOL UERJ, hoje, 10/02, às 19h, no Hall do 7º andar (depois seguiremos para alguma sala).

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Os trabalhadores não vão pagar pela crise

ATO NA VALE:
"Os trabalhadores não vão pagar pela crise"

DATA: dia 11/02/2009

LOCAL: Av. Graça Aranha, nº 26 - Rio

CUT E CONLUTAS CONVOCAM!

A Vale tem sido o símbolo negativo da crise. Apesar das altas taxas de lucro, já demitiu milhares de trabalhadores. Além disso, seu presidente, Roger Agnelli, é uma espécie de porta-voz dos empresários, na defesa da flexibilização das leis trabalhistas.

Vamos dar um basta às demissões e a redução de salários e de outros direitos, ocupando as ruas. Todos estão convidados a se integrar aos atos públicos que vão acontecer no próximo dia 11:

A Conlutas convoca para as 12 horas, em frente à Vale , na Avenida Graça Aranha, 26, no centro do Rio. O ato é contra as demissões, contra a flexibilização de direitos dos trabalhadores e pela reestatização da empresa.

A CUT está chamando para 16 horas, no mesmo endereço: Avenida Graça Aranha, 26, no Rio, e já anunciou a presença do presidente da Central, Artur Henrique.

Banqueiros e empresários começam a reduzir seus lucros e estão jogando a conta nas costas dos trabalhadores. Estão tirando dos trabalhadores o direito ao trabalho que garante o seu sustento e o de suas famílias.

Na Europa, Ásia, nas da Américas do Norte e do Sul os trabalhadores têm realizado grandes manifestações de repúdio à ajuda que os governos estão prestando aos bancos e às empresas, sem contrapartida de garantias para aqueles que vivem do trabalho. Exigem proteção contra o desemprego. No Brasil, algumas manifestações de metalúrgicos e os mineiros já vem acontecendo. Mas está na hora de ampliar essas lutas de resistência.

Vamos juntar nossas forças. Participe! Não às demissões! Por emprego e contra a retirada de direitos!

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br), com informações da CUT e da CONLUTAS

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Partidos socialistas se reúnem em Belém

por Antonio Jacinto Índio

Com o objetivo de discutir alternativas políticas para melhor intervir nas mobilizações contra a crise mundial, as direções do PSOL e do Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França se reuniram com os militantes dos partidos que estiveram no Fórum Social Mundial para formalizar uma nova etapa na construção de partidos de esquerda socialistas e anticapitalistas mundo afora. Os participantes voltam às suas bases com mais uma vitória em suas bagagens de formação política e construção internacionalista para o PSOL.

A plenária contou com mais de 20 organizações e partidos socialistas e revolucionários que lutam contra o capitalismo, o neoliberalismo, a corrupção e agora contra a crise econômica mundial. Pauta principal do debate: reorganização da esquerda socialista no mundo e uma nova etapa para mobilizações na luta de classe e contra a crise do capital mundial.

A participação da militância foi fundamental para tirar uma agenda mínima de ações comuns para as organizações; o primeiro grande evento foi acertado para o próximo seminário internacional do PSOL com a participação de todos da reunião, um dia de mobilizações comuns contra a crise mundial; no Brasil já está marcado para o dia 2 de abril no Rio de Janeiro.

"Terminamos o FSM com uma vitória do socialismo e da revolução, com novas inspirações, renovados na busca de outro mundo socialista", afirmou Pedro Fuentes, Secretário de Relações Internacionais do PSOL.


Fonte: Secretaria de Comunicação do PSOL