terça-feira, 18 de agosto de 2009

A disputa entre Globo e Record e o interesse público na TV

Pronunciamento de Ivan Valente*,
Câmara dos Deputados, 18 de agosto de 2009

Desde a semana passada, os telespectadores brasileiros têm sido bombardeados em suas casas pela guerra particular promovida entre as duas maiores emissoras de TV do país. De um lado, a Globo, divulgando a exaustão a denúncia do Ministério Público de São Paulo acerca do desvio de recursos das doações dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus – IURD para empresas particulares de Edir Macedo – entre elas a Rede Record. De outro, a mesma Record contra-atacando, produzindo longas reportagens sobre as raízes do monopólio da Globo no Brasil, com direito à divulgação de provas de favorecimento político à emissora durante a ditadura militar e empréstimos ilegais por parte do BNDES. Até cenas do histórico documentário do Channel 4 “Muito Além do Cidadão Kane”, da fraude da ProConsult e do direito de resposta de Leonel Brizola no Jornal Nacional foram colocadas no ar.

Na verdade, nada é novidade nesta disputa. As denúncias de apropriação indevida de recursos da Igreja Universal, que levou a um enriquecimento absurdo da cúpula da IURD, são conhecidas há pelo menos 10 anos. A Globo aproveita de uma nova ação na Justiça para bater de forma escancarada naquela que vem, constantemente, ameaçando de tomar seu lugar na preferência da audiência brasileira. Ou seja, não quer perder anunciantes nem o poder político que detém por ser, historicamente, a mais influente força na formação da opinião pública brasileira.


A Record, por outro lado, em vez de informar os telespectadores sobre a ação em tramitação na Justiça de São Paulo, coloca seu jornalismo a serviço do contra-ataque político à Globo, veiculando fatos e relatos que há muito tempo são de conhecimento daqueles que lutam pela democratização da mídia no país – embora permanentemente abafados pela grande imprensa.


Neste sentido, a guerra midiática tem um aspecto curioso. Dos dois lados da disputa, informações de interesse público, que sempre foram omitidas dos cidadãos e cidadãs brasileiras, finalmente vêm à tona. É fundamental que o grande público tenha a chance de ouvir, na televisão, que o crescimento da Record contou com a “ajuda” involuntária e ilegal dos recursos da Igreja Universal. É essencial que o mesmo público conheça os bastidores da história que transformou a Rede Globo num poder intocável no país, capaz de eleger e derrubar presidentes.


A questão é que, nesta briga, o melhor lado para se apoiar é aquele que, mais uma vez, está sendo ignorado. Na disputa política e econômica por audiência e poder, Globo e Record transformaram o espaço público da radiodifusão em palco para defesa de interesses privados. É o sujo falando do mal lavado. É o princípio da objetividade jornalística jogado no lixo. É a fotografia mais nítida da privatização das concessões públicas de televisão.


Enquanto houver munição disponível – e a história das duas grandes redes revela que o arsenal ainda é grande –, o telespectador brasileiro seguirá assistindo, no horário nobre da TV, aquilo que os donos de Globo e Record desejam. Tudo em nome da defesa do destino dos recursos dos fiéis, de um lado, e da liberdade de informação e quebra do monopólio, do outro. Ora, Sr. Presidente, a multiplicidade de fontes de informação é fundamental em qualquer democracia. Esta é uma bandeira histórica do movimento pela democratização da mídia. Mas os objetivos desta briga estão longe de ser nobres como aparentam. Basta ver que, quando se trata de transformar efetivamente o sistema de comunicações no Brasil, as duas emissoras estão do mesmo lado para dizer não a qualquer mudança estrutural que passe pelo cumprimento de princípios e critérios públicos para exploração da radiodifusão. Não à toa, Globo e Record – ao lado de outras organizações empresariais – se retiraram da organização da I Conferência Nacional de Comunicação, por entenderem que seus interesses não estariam protegidos no processo.


Mas o povo não é bobo, sras e srs. Deputados. Desta briga televisiva, saberemos filtrar as informações essenciais e verdadeiras para acumular forças no sentido de exigir, nesta Conferência de Comunicação que se aproxima, que o Estado brasileiro atue no sentido de garantir que suas concessões de rádio e TV sejam utilizadas com base no interesse público. Esta é a principal briga que os brasileiros e brasileiras precisam ver.

*Deputado federal do PSOL por São Paulo

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ato do PSOL é reprimido com truculência pelas polícias do Congresso

Manifestantes cobram saída de José Sarney da Presidência do Senado

Uma manifestação pacífica, organizada pelo PSOL, para cobrar a saída de José Sarney da Presidência do Senado terminou em agressões por parte da Polícia Militar e Legislativa e duas prisões de militantes do partido. Com uma faixa “Fora Sarney e todos os corruptos”, os manifestantes subiram na marquise das cúpulas do Congresso e cantaram palavras de ordem, cobrando a renúncia de Sarney e a apuração das denúncias.
Os militantes do PSOL foram retirados da marquise do Congresso. Os seguranças confiscaram a faixa, que depois só foi devolvida com a interferência dos parlamentares do PSOL, deputados Ivan Valente, Chico Alencar e José Nery.
Segundo o presidente do PSOL do Distrito federal, Antônio Carlos de Andrade, o Toninho, os policiais chegaram sem qualquer forma de diálogo, com cacetetes em punho e os aparelhos que dão choque contra os manifestantes. “Uma polícia sem preparo que agiu com truculência e violência”, disse Toninho, que também foi atingido na mão por um golpe de cacetete. Ele afirmou que vai registrar queixa na Polícia Legislativa e na Civil do DF. “Pode-se roubar no Senado e não se pode pode manifestar”, disse, indignado.
O líder do PSOL, deputado Ivan Valente, também criticou a atitude das polícias e afirmou que a atuação é de responsabilidade do Senado. “A manifestação deveria acontecer dentro do Senado, mas impediram de entrar. Foi feita do lado de fora e duramente reprimida. Os militantes foram duramente agredidos. Repudiamos esse tipo de atitude”.
Para o deputado Chico Alencar, há uma indignação enorme da sociedade brasileira diante das denúncias envolvendo o senador José Sarney e contra sua permanência na Presidência do Senado. “O direito à manifestação é livre. Fui socorrer os manifestantes e recebi um caloroso abraço de um dos seguranças. Há um excesso de zelo ao patrimônio, mas não há o mesmo zelo em relação à postura ética”.
Depois de encerrada a manifestação, dois militantes do PSOL, Rodrigo Pereira, funcionário da Liderança na Câmara, e Isaac da Silva, do gabinete de Chico Alencar, foram detidos pela Polícia Legislativa quando entravam no prédio da Câmara dos Deputados. O argumento dos seguranças foi que eles estavam participando do ato Fora Sarney. Ambos foram colocados dentro do camburão da polícia, sendo que um deles chegou a ser algemado, e levados para a unidade da polícia no Senado. Só foram liberados com a chegada e interferência de Chico Alencar e Ivan Valente. “Foi uma arbitrariedade, que completou a truculência dos seguranças”, disseram.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Jogos Olímpicos: a preocupação é que tudo se repita

Eliomar Coelho*
Artigo publicado no Jornal do Brasil em 09/08/2009

Muito se falou do legado que os Jogos Pan-Americanos - 2007 deixariam para a cidade do Rio de Janeiro após o seu término. Por conta dessa promessa, feita pelo ex-prefeito Cesar Maia e pelos dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), os cofres públicos foram abertos sem controle, sem transparência e sem responsabilidade. Baixada a poeira, o saldo que se tem do evento é extremamente triste: zero de legado, denúncias gravíssimas de malversação de verbas e nenhum estímulo ao esporte.

A Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) orçou Os Jogos Pan-Americanos 2007 em torno em cerca de 400 milhões de reais e se gastou dez vezes mais, no mínimo. O Pan do Rio de Janeiro foi o mais caro de toda a história dos jogos e virou caso de polícia. Várias obras e serviços foram realizados sem licitação ou superfaturadas e o tamanho do estrago e os verdadeiros beneficiados estão sendo revelados pouco a pouco pelo Tribunal de Contas da União (TCU), já que a Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, por mim solicitada e, apesar de aprovada, foi impedida de realizar os seus trabalhos pelos aliados do prefeito.

Dentre os beneficiados pela farra do Pan 2007, certamente não estão os atletas, nem a população da cidade. Todos os equipamentos construídos foram entregues à iniciativa privada a preço de banana. A Arena Multiuso, por exemplo, foi alugada para a um banco internacional, que, em vez de esportes, realiza espetáculos de toda a natureza. O Engenhão também está com suas pistas de atletismo abandonadas e o Parque Aquático Maria Lenk, cedido ao COB por 20 anos, mantém-se sem nenhuma atividade. Estes equipamentos poderiam estar servindo como fomentadoras de modalidades olímpicas e poderiam se transformar em espaços para a capacitação de professores de educação física ou escolinhas gratuitas para as crianças e jovens.

O Parque Aquático Júlio Delamare, palco do Pólo Aquático no Pan 2007, cuja reforma custou R$ 10 milhões, será demolido para dar lugar a um amplo estacionamento no Maracanã. Este parque é um dos maiores da América Latina, com 18,5 m², piscina olímpica de 25m x 50m, tanque para saltos de 25m x 25m,com profundidade de cinco metros e piscina coberta para aquecimento de 10m x 25m. Os alunos e nadadores que frequentam o parque estão desolados. Outro equipamento que está com os dias contados é o Estádio de Atletismo Célio de Barros. A cada dia o que vemos, portanto, é o desmanche do que foi reformado ou construído para a realização dos Jogos Pan-Americanos. É dinheiro jogado fora de forma irresponsável.

Agora, o Rio encontra-se em plena campanha para abrigar os Jogos Olímpicos de 2016 e o orçamento inicial já está na casa dos R$ 30 bilhões, disparado o maior entre as quatro cidades concorrentes - Rio, Madri, Chicago e Tóquio. Quantos desses bilhões serão destinados para atenuar os graves problemas cariocas, como transporte, habitação e saneamento etc.? O justo legado é quando o dinheiro público é usado para servir aos excluídos dessa cidade, inclusive os seus bravos atletas!

Deixando claro que sou favorável à realização das Olimpíadas de 2016 no Rio, minha preocupação é que o exemplo do Pan 2007, que de exemplar foi somente a atuação do público e esportistas, seja lamentavelmente repetido. Por isso, todo cuidado é pouco. Todos os gastos, caso o Rio saia vitorioso da disputa, têm que se ser fiscalizados com extremo rigor, para que não surjam mais escândalos e denúncias de corrupção.
* Eliomar Coelho é vereador do PSOL no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

PSOL na campanha "Fora, Sarney"

Agenda de Atividades do PSOL na próxima semana.
Campanha "FORA SARNEY"

2ª FEIRA - 10/08/2009 - 12:00 Hs. - Largo da Carioca -
3ª FEIRA - 11/08/2009 - 12:00 Hs. - 7 de Setembro com Rio Branco
4ª FEIRA - 12/08/2009 - 12:00 Hs. - Rio Branco com rua S. José (Buraco do Lume)
5ª FEIRA - 13/08/2009 - 17:00 Hs. - Saída do Metrô para a Rio Branco, no Lgo. da Carioca.

DOMINGO - 16/08/2009 - Caminhada - praia de Copacabana . Concentração às 9:30 Hs e saída às 10:00Hs. no antigo hotel MERIDIEN. (Princesa Isabel x Av. Atlântica)